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Aumento de incertezas leva mercado a ver Selic menor em 2013

Mercado reduziu pela segunda vez a projeção para a Selic no ano que vem, para 7,63 por cento pela mediana

Sobre o crescimento, a indústria continua sendo o principal calcanhar de Aquiles da atividade neste ano, levando o governo a adotar medidas para buscar um reaquecimento (Reuters/Paulo Whitaker)
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Da Redação

Publicado em 5 de novembro de 2012 às 11h59.

São Paulo - Em meio a um aumento das incertezas com a recuperação da economia brasileira, o mercado reduziu pela segunda vez a projeção para a Selic no ano que vem, para 7,63 por cento pela mediana, em continuidade aos ajustes sobre os próximos passos do Banco Central em relação à política monetária ao longo de 2013.

Os analistas consultados na pesquisa Focus do BC, divulgada nesta segunda-feira, já haviam dado início ao movimento na semana passada, quando previram a taxa básica de juros a 7,75 por cento no final do próximo ano.

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De acordo com o Focus, os analistas estimam que a Selic, atualmente na mínima histórica de 7,25 por cento ao ano, será elevada somente em outubro, a 7,50 por cento, sofrendo mais uma elevação em novembro.

Entretanto o Top 5--grupo das instituições que mais acertam suas análises no Focus-- tem uma visão diferente da mediana do mercado e manteve a expectativa de que a Selic terminará o próximo ano a 7,25 por cento.

"Existem temores de que a economia, depois de apresentar um crescimento forte no terceiro trimestre em virtude dos estímulos do governo, volte a perder força. É essa incerteza que está levando a uma nova revisão para baixo da Selic", avaliou o estrategista-chefe do Banco WestLB, Luciano Rostagno.

Ele não descarta novas reduções nas próximas semanas nas expectativas do Focus sobre a taxa de juros, lembrando que a gestão da presidente Dilma Rousseff tem se caracterizado pela vontade de manter os juros em níveis baixos.


Para 2012, mostrou ainda o Focus, não houve alterações em relação às apostas de que a taxa básica de juros permanecerá em 7,25 por cento na última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) do ano, no final de novembro. O BC já indicou que o ciclo de cortes foi encerrado após a décima redução seguida realizada em outubro.

Inflação

O mercado também realizou um leve ajuste na expectativa de inflação, estimando agora que o IPCA encerrará este ano a 5,44 por cento, ante 5,45 por cento na semana anterior, na primeira redução após 16 semanas seguidas em que os analistas consultados elevaram suas projeções.

Para 2013, a pesquisa mostrou que o mercado continua prevendo o IPCA a 5,40 por cento. Em ambos os casos, ainda longe do centro da meta do governo, de 4,5 por cento.

De acordo com Rostagno, como os indicadores a serem divulgados nesta semana concentram-se mais em inflação, como o IGP-DI e o IPCA, ambos na quarta-feira, pode-se esperar novos ajustes.

Para a inflação nos próximos 12 meses, a projeção foi reduzida para 5,37 por cento, ante 5,40 por cento na semana anterior.

Os índices de inflação vêm dando sinais mistos nos últimos tempos. Na semana passada, o Índice Geral de Preços-Mercado (IGP-M) mostrou forte desaceleração em outubro ao registrar variação positiva de 0,02 por cento, ante 0,97 por cento em setembro.

Já o IPC-Fipe fechou o mês passado com alta de 0,80 por cento, ante avanço de 0,55 por cento em setembro.


Indústria X Crescimento

Sobre o crescimento, a indústria continua sendo o principal calcanhar de Aquiles da atividade neste ano, levando o governo a adotar medidas, como isenções fiscais, para buscar um reaquecimento.

Os analistas consultados no Focus reduziram pela sexta vez a perspectiva para o setor neste ano, prevendo agora uma contração de 2,31 por cento, ante 2,10 por cento na semana anterior. Para 2013, as contas não mudaram, com alta de 4,15 por cento.

Na quinta-feira, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) informou que a produção industrial caiu 1 por cento em setembro frente a agosto, no pior resultado mensal desde janeiro passado. A leitura reforça as dúvidas sobre o ritmo dessa recuperação.

O governo tem defendido que a economia já começou a se recuperar após um início de ano fraco, e fala em crescimento de 4 por cento em termos anualizados tanto no segundo semestre como ao longo de 2013.

Os analistas consultados na pesquisa do BC veem que a expansão do Produto Interno Bruto (PIB) neste ano deve atingir apenas 1,54 por cento, inalterado ante a semana anterior. Para 2013, a perspectiva também foi mantida, em 4 por cento.

A pesquisa desta segunda-feira mostrou também que o mercado elevou a previsão sobre o dólar este ano a 2,02 reais, ante 2,01 reais na semana anterior.

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