Economia

Aumento de calotes desacelera lucro de grandes bancos

Resultado dos grandes bancos de capital aberto no 3º trimestre também foi afetado por tímida expansão do crédito e adiantamento do impacto do reajuste salarial


	Banco do Brasil: gastos para calotes cresceram quase 16% no trimestre e mais de 40% em um ano na instituição
 (Pilar Olivares/Reuters)

Banco do Brasil: gastos para calotes cresceram quase 16% no trimestre e mais de 40% em um ano na instituição (Pilar Olivares/Reuters)

DR

Da Redação

Publicado em 15 de novembro de 2015 às 16h29.

São Paulo - O aumento dos calotes pesou no resultado dos grandes bancos de capital aberto no terceiro trimestre e, associado à tímida expansão do crédito e ao adiantamento do impacto do reajuste salarial, fez com que o crescimento dos lucros desacelerasse para apenas um dígito.

Embora o esforço dessas instituições no garimpo de margens financeiras e receitas com serviços e tarifas maiores tenha compensado em partes, a sinalização é de que a recessão econômica vai impactar de forma mais intensa o desempenho dessas instituições.

Juntos, Banco do Brasil, Bradesco, Itaú e Santander registraram lucro líquido contábil de R$ 14,654 bilhões de julho a setembro, montante 7,53% maior que um ano. Nos trimestres anteriores, os crescimentos foram de 14% e 19%, nesta ordem. Se considerados efeitos extraordinários, o resultado foi de R$ 14,978 bilhões, 15,64% superior em relação ao terceiro trimestre de 2014.

As despesas com provisão para devedores duvidosos, as chamadas PDDs, pesaram no resultado dos grandes bancos e também no BB, que divulgou nesta semana seus números do trimestre.

A instituição elevou seu saldo em mais de R$ 4,5 bilhões de junho para setembro, para mais de R$ 34 bilhões, fazendo com que seus gastos para calotes crescessem quase 16% no trimestre e mais de 40% em um ano. Parte entrou como um reforço adicional pegando uma carona no ganho contábil com a majoração da CSLL.

Apesar de o montante de provisão refletir o ambiente econômico atual, o vice-presidente do BB, José Mauricio Coelho, admitiu que a linha tem impedido o banco de entregar um retorno melhor. Isso fez, inclusive, a instituição revisar para baixo sua expectativa deste ano. Agora, espera algo entre 13% a 16% ante intervalo de 14% a 17%. Ao final de setembro, ficou em 13,7%.

Reforços nas provisões também foram feitos por Bradesco, Itaú e Santander. O saldo, considerando o BB, foi a R$ 115,5 bilhões ao final de setembro, cifra 27,3% maior em um ano e 16,6% no trimestre. Os gastos com calotes, por sua vez, aumentaram cerca de 21% e 12%, nesta ordem, para quase R$ 19 bilhões.

O maior conservadorismo dos grandes bancos, antecipando-se a uma piora dos calotes, refletiu no índice de cobertura que ultrapassou a barreira dos 200% ao final de setembro. Para um afrouxamento do indicador, segundo essas instituições, só uma mudança significativa no cenário econômico, o que não deve se materializar tão cedo. "Se um cliente nosso atrasar um crediário, identificamos isso e já modificamos seu risco e também a provisão", exemplificou Coelho, do BB.

Do lado do crédito, o impulso extra veio do câmbio. BB, Bradesco, Itaú e Santander cresceram suas carteiras, fruto do perfil mais seletivo dessas instituições e menor demanda de indivíduos e empresas. Os guidances foram mantidos, com exceção do BB que revisou para baixo a projeção para pessoa jurídica. Raul Moreira, vice-presidente do banco, explicou que o ajuste reflete o menor apetite das empresas. Garantiu, porém, que o BB não está mais restritivo na liberação de recursos nem afrouxando suas políticas.

O BB além do impulso cambial também teve um reforço da troca da dívida da Petrobras de US$ 1 bilhão por outra operação no valor de R$ 4,075 bilhões. Apesar disso, no acumulado do ano, a carteira cresceu no piso do guidance anunciado, de alta de 7% a 11% para 2015. Nos privados, a expectativa também é de que a expansão do ano fique na ponta menor das projeções.

Ganhos gordos com a tesouraria, com exceção de alguns, aproveitando a volatilidade de setembro, quando o Brasil perdeu um dos selos de bom pagador, e receitas crescentes foram os pontos altos do terceiro trimestre.

Ainda há esperança dos grandes bancos que haja algum espaço de reprecificação das carteiras, o que pode continuar melhorando as margens no próximo trimestre, ainda que a selic esteja estável por ora. Um reforço adicional virá do aumento dos juros do consignado INSS, mas em menor escala já que o saldo de todo o sistema é em torno de R$ 86 bilhões, segundo o Banco Central.

Acompanhe tudo sobre:BancosCaloteCrise econômicaFinanças

Mais de Economia

Oi recebe proposta de empresa de tecnologia para venda de ativos de TV por assinatura

Em discurso de despedida, Pacheco diz não ter planos de ser ministro de Lula em 2025

Economia com pacote fiscal caiu até R$ 20 bilhões, estima Maílson da Nóbrega

Reforma tributária beneficia indústria, mas exceções e Custo Brasil limitam impacto, avalia o setor