Aumenta tensão no Congresso dos EUA para evitar apagão do governo
Caso um acordo sobre os gastos não seja alcançado, o governo será obrigado a encerrar suas atividades
AFP
Publicado em 18 de janeiro de 2018 às 06h38.
O Congresso dos Estados Unidos retomou, nesta quarta-feira (17), as negociações para alcançar um novo acordo orçamentário antes da meia-noite de sexta-feira e evitar uma paralisação do governo federal, em meio a pressões sobre o assunto sensível da imigração.
Se não for alcançado um acordo sobre os gastos, vai acontecer um fechamento do governo. Mas, a dois dias do limite, o Congresso parece longe de um consenso.
Os republicanos acusam os democratas de dificultar a aprovação do orçamento para fortalecer sua posição nas negociações paralelas sobre imigração.
A oposição democrata exige em troca de seu voto uma solução para os "dreamers", jovens que entraram nos Estados Unidos sem documentos quando eram crianças, assim como a renovação do programa federal de seguro de saúde para crianças pobres (Chip, em inglês).
A maioria republicana quer aumentar o gasto militar no orçamento de 2018, mas a minoria democrata pode bloquear tudo no Senado, onde precisa de uma maioria qualificada de três quintos ou 60 votos de um total de 100.
Os republicanos estão de acordo em regularizar os "dreamers". Mas Trump exige em troca a votação de fundos para o muro da fronteira com o México, que prometeu construir durante a campanha eleitoral, assim como outras medidas anti-imigração.
Os democratas dizem há muito tempo que se recusarão a financiar o muro, para eles símbolo de uma política xenófoba.
"Acredito que nisto prevalecerão as cabeças frias", disse o presidente da Câmara de Representantes, Paul Ryan, consciente da má imagem que ficará para o Partido Republicano uma paralisação do governo federal, especialmente em um ano de eleições legislativas.
85 detidos
A frustração pela incerteza sobre o futuro dos 'dreamers' e o estancamento do tema no Congresso provocaram protestos nesta quarta-feira que terminaram com a detenção de 82 pessoas no Capitólio e outras três em Nova York.
"Sou imigrante, tenho o Daca (permissão aos jovens para trabalhar e estudar) e vejo a cada dia que passa um jovem perder este status e ficar sob o risco de deportação. Estou aqui para dar meu apoio", disse à AFP Dennise, uma universitária mexicana que chegou aos Estados Unidos há cinco anos, momentos antes de ser detida em Nova York.
Trump anunciou em setembro que até março próximo acabará totalmente com o Daca, decreto da administração de Barack Obama que concedeu a quase 700 mil "dreamers" permissão para trabalhar e estudar legalmente nos Estados Unidos.
Na semana passada, Trump disse a legisladores que ratificaria a lei sobre imigração assim que se chegasse a um acordo no Congresso, mas dias depois recuou e rejeitou o plano bipartidário apresentado à Casa Branca.
O chefe da minoria democrata no Senado, Chuck Schumer, advertiu que uma eventual paralisia do governo federal cairá "sobre os ombros do presidente".
Schumer recordou que o projeto de orçamento não prevê verbas adicionais para se enfrentar a crise dos opioides, declarada "emergência de saúde pública", e amplia muito pouco o gasto militar.