Economia

Atividade industrial da China se enfraquece em março

Situação deixa os investidores assustados com os riscos para o crescimento e esperando um novo apoio da política monetária de Pequim

A fraqueza generalizada nos cinco componentes principais que geram o índice principal surpreendeu analistas (Gideon Mendel/Corbis/Latin Stock)

A fraqueza generalizada nos cinco componentes principais que geram o índice principal surpreendeu analistas (Gideon Mendel/Corbis/Latin Stock)

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Da Redação

Publicado em 22 de março de 2012 às 10h38.

Pequim - O impulso econômico da China desacelerou em março na medida em que a atividade fabril encolheu pelo quinto mês consecutivo, deixando os investidores assustados com os riscos para o crescimento global e prevendo novo apoio da política monetária de Pequim.

O índice de gerentes de compras preliminar do HSBC, o mais recente indicador da atividade industrial da China, caiu para 48,1, da máxima de quatro meses em fevereiro de 49,6. As novas encomendas afundaram para uma mínima de quatro meses, uma recuperação esperada nas encomendas de exportação não apareceu e as novas contratações despencaram para uma mínima de dois anos.

"Com as novas encomendas de exportação fracas e a demanda doméstica se enfraquecendo, a desaceleração da China ainda não acabou. Isso pede mais afrouxamento para vir de Pequim", disse o economista-chefe do HSBC na China, Qu Hongbin, em um comunicado.

A fraqueza generalizada nos cinco componentes principais que geram o índice principal surpreendeu analistas, particularmente os que tinham previsto uma clara recuperação na atividade fabril em março depois que o Ano Novo Lunar interrompeu a produção nos primeiros dois meses do ano e distorceu os dados.

"Estes dados sugerem que há algo mais profundo em andamento, que não é apenas um problema do Ano Novo Lunar e que não está afetando apenas as exportações, mas a demanda doméstica", disse o economista-chefe e diretor de pesquisa para a Ásia do ING em Cingapura, Tim Condon.

"Nós vamos falar sobre isso o dia todo. Essa será a notícia na TV hoje nos Estados Unidos, o fraco índice de gerentes de compras da China", disse ele à Reuters.

Uma leitura de 50 marca a linha entre expansão e contração, de acordo com a metodologia de pesquisa feita pela provedora de dados sediada no Reino Unido, Markit.

O índice patrocinado pelo HSBC calcula fatores exclusivos para a economia chinesa, o que faz o número 48 especialmente significativo, dado que um índice nesse nível ainda implica em crescimento da produção industrial em um nível saudável de 11 a 12 por cento e crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) de cerca de 8 por cento.

Um crescimento anual de 8 por cento para o ano todo seria o mais lento em pelo menos uma década para a segunda maior economia mundial, mas confortavelmente acima da meta do governo para 2012 de 7,5 por cento.


Visões pessimistas

O índice preliminar irá reforçar as visões mais pessimistas sobre a trajetória econômica da China.

O índice de gerentes de compras do setor manufatureiro do HSBC não tem ficado consistentemente acima de 50 desde junho de 2011, embora esteja muito acima das leituras abaixo de 40 registradas no ápice da crise financeira global entre o final de 2008 e início de 2009.

O subíndice de novas encomendas caiu para 46,2, o que pesou sobre o índice geral, pois é o maior entre os cinco componentes que compõem o índice.

A produção industrial, o segundo maior componente do índice geral, caiu novamente abaixo da linha divisória de 50 pontos, atingindo o menor nível em dois meses.

Os novos pedidos de exportação sinalizaram um segundo mês consecutivo de contração, embora a um ritmo mais lento do que o registrado em fevereiro.

Uma pesquisa da Reuters feita no início do mês revelou um pedido consensual para que a taxa de depósito compulsório nos maiores bancos seja cortada em 150 pontos base em 2012, a fim de apoiar a oferta de dinheiro e o crescimento. O primeiro corte de 50 pontos base não foi previsto até os segundo trimestre.

A taxa de compulsório estava em um nível recorde de alta de 21,5 por cento antes de o banco central fazer uma interrupção na política de aperto monetário de quase dois anos em novembro, cortando a taxa em 50 pontos base. Essa decisão foi seguida de outro corte de 50 pontos base em fevereiro.

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