Economia

Arrecadação impede cumprir meta fiscal, diz Tendências

A Receita Federal divulgou nesta terça-feira, 23, uma arrecadação de R$ 94,378 bilhões em impostos e contribuições no mês passado


	Dinheiro: números do mês passado foram influenciados pelos pagamentos do Refis
 (Andrew Harrer/Bloomberg)

Dinheiro: números do mês passado foram influenciados pelos pagamentos do Refis (Andrew Harrer/Bloomberg)

DR

Da Redação

Publicado em 23 de setembro de 2014 às 16h49.

São Paulo - A arrecadação federal de agosto confirma um cenário de restrição pelo lado das receitas, o que deve impedir o cumprimento da meta fiscal deste ano, afirmou o economista Felipe Salto, da Tendências Consultoria.

A Receita Federal divulgou nesta terça-feira, 23, uma arrecadação de R$ 94,378 bilhões em impostos e contribuições no mês passado.

Esse valor é recorde para o mês e representa uma alta real de 5,54% na comparação com igual mês do ano passado, mas o economista da Tendências tinha uma projeção maior, de R$ 98,1 bilhões.

A mediana de 13 instituições consultadas pelo AE Projeções também sugeria um valor maior, de R$ 96,7 bilhões.

Os números do mês passado foram influenciados pelos pagamentos do Refis, o programa de parcelamento de débitos tributários.

A arrecadação com o Refis foi de R$ 7,13 bilhões em agosto, abaixo dos R$ 10 bilhões estimados por Salto. A Receita havia previsto, inicialmente, arrecadar de R$ 13 bilhões a R$ 14 bilhões com o programa.

"O que preocupa é que, se o Refis frustrou as expectativas do próprio governo, é possível que fique ainda mais difícil cumprir a meta fiscal do ano", afirmou o economista da Tendências.

Para ele, o superávit primário deve encerrar o ano a 1,5% do Produto Interno Bruto (PIB), abaixo da meta do governo de 1,9%.

Ele acrescentou que, calculando o superávit primário recorrente, o número seria de 0,5% do PIB. Essa conta exclui receitas extraordinárias como as provenientes do Refis, dividendos e concessões.

Para Salto, a arrecadação fraca, que leva ao uso de instrumentos que ficaram conhecidos como "contabilidade criativa", reflete dois problemas: o baixo crescimento da economia e o peso das políticas de desonerações nos últimos anos.

Ele estimou que a renúncia fiscal deve ultrapassar R$ 100 bilhões neste ano.

No mês passado, a renúncia fiscal somou R$ 8,387 bilhões, atingindo R$ 67,199 bilhões no acumulado do ano até agosto.

Acompanhe tudo sobre:Consultoriaseconomia-brasileirareceita-federalServiços

Mais de Economia

Oi recebe proposta de empresa de tecnologia para venda de ativos de TV por assinatura

Em discurso de despedida, Pacheco diz não ter planos de ser ministro de Lula em 2025

Economia com pacote fiscal caiu até R$ 20 bilhões, estima Maílson da Nóbrega

Reforma tributária beneficia indústria, mas exceções e Custo Brasil limitam impacto, avalia o setor