Economia

Após 10 anos de polêmica, Argentina lança novo índice de inflação

Durante o governo de Néstor Kirchner, o Indec fez mudanças na medição dos preços que geraram suspeita sobre a confiabilidade dos dados oficiais

Argentina: a nova medição registrou uma alta de 1,2% de junho em relação a maio (Reprodução/Thinkstock)

Argentina: a nova medição registrou uma alta de 1,2% de junho em relação a maio (Reprodução/Thinkstock)

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EFE

Publicado em 11 de julho de 2017 às 20h09.

Última atualização em 11 de julho de 2017 às 22h05.

Buenos Aires - O Instituto Nacional de Estatística e Censos (Indec) da Argentina apresentou nesta terça-feira o novo índice de preços ao consumidor, de alcance nacional, lançado após quase uma década de polêmica sobre a confiabilidade dos dados oficias de inflação divulgados pelo governo.

A nova medição registrou uma alta de 1,2% de junho em relação a maio, com uma inflação nos bens de 1% e de 1,5% para os serviços.

O Indec também divulgou hoje os dados de inflação para os seis primeiros meses do ano, que ficou em 11,8%.

"O projeto de ter um Índice de Preços ao Consumidor (IPC) em nível nacional foi um projeto inicial do instituto, com muito apoio do governo federal. Apoio moral e financeiro", destacou em entrevista coletiva o diretor do Indec, Jorge Todesca.

Todesca afirmou que se trata de um "marco histórico" dado o caráter nacional da medição. O indicador utilizado até então só incluía preços de Buenos Aires e de sua região metropolitana.

"Nos parece que agora temos uma cobertura mais do que razoável do que é o movimento dos preços ao consumidor no país", afirmou Tedesca, que elogiou o trabalho dos técnicos do órgão.

O novo indicador é abastecido com informações coletadas em 39 cidades dos 24 estados argentinos. O resultado publicado é o agregado em nível nacional e os correspondentes às seis grandes regiões estatísticas do país.

Depois de 2007, durante o governo de Néstor Kirchner, o Indec fez mudanças metodológicas na medição dos preços que geraram suspeita sobre a confiabilidade dos dados oficiais sobre a inflação e muitos setores econômicos começaram a se guiar por consultorias privadas.

As dúvidas sobre outras estatísticas oficiais também pairaram sobre outros indicadores, como a pobreza e o valor da cesta básica.

Com a chegada de Mauricio Macri à presidência no fim de 2015, o novo governo determinou uma normalização da divulgação de estatísticas. O Indec deixou de publicar índices por seis meses.

Nesse período, foram utilizados como referência medições de alguns órgãos locais, como os da província de San Luis e o da cidade de Buenos Aires.

Em junho de 2016, o Indec reiniciou a divulgação dos dados de inflação em Buenos Aires e arredores, ainda que com mudanças para garantir a confiabilidade das informações.

Os dados sobre os preços ao consumidor na capital seguirão sendo divulgados, mas como parte do novo relatório apresentado hoje.

Além das estatísticas oficiais, a oposição divulga no Parlamento uma medição do IPC com base em cálculos de consultorias privadas.

O chamado "IPC Congresso" registrou em junho uma inflação de 1,3% em relação a maio, com 23,4% no acumulado do semestre.

A lei orçamentária desse ano prevê uma inflação de 17%, índice igual à meta estabelecida pelo Banco Central da Argentina.

Até então, o Banco Central utilizava as estatísticas da cidade de Buenos Aires. A previsão é que agora a instituição passe a usar os dados do Indec.

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