Economia

Argentina entra em recessão técnica após PIB cair 5,1% em meio a medidas de Milei

No último trimestre de 2023, a economia do país havia registrado uma queda de 1,4%

Javier Milei, presidente da Argentina (Juan MABROMATA/AFP Photo)

Javier Milei, presidente da Argentina (Juan MABROMATA/AFP Photo)

Mateus Omena
Mateus Omena

Repórter da Home

Publicado em 24 de junho de 2024 às 17h25.

Última atualização em 24 de junho de 2024 às 17h31.

O PIB da Argentina registrou uma queda de 5,1% no primeiro trimestre deste ano, em comparação com o mesmo período de 2023. Com isso, o país entrou em recessão técnica, caracterizada por dois trimestres consecutivos de retração econômica.

No último trimestre do ano passado, o PIB argentino havia registrado uma queda de 1,4%. O presidente argentino Javier Milei, assumiu o cargo em dezembro de 2023 e tomou medidas duras para conter a inflação, como reduzir o valor de aposentadorias e cortar gastos públicos. Essas medidas ajudaram a esfriar a economia do país.

Dados do Instituto Nacional de Estatística e Censos (Indec) divulgados nesta segunda-feira, 24, mostram que a maior queda ocorreu na formação bruta de capital fixo, que registrou redução de 23,4% em relação ao mesmo período do ano anterior.

Esta é a maior contração da atividade econômica desde o terceiro trimestre de 2020, quandoas restrições da pandemia ainda estavam em vigor, segundo o jornal argentino Clarín.

No mesmo ritmo, outros setores da economia do país também tiveram quedas, como a construção civil (-19,7%), a indústria de transformação (-13,7%), e as atividades de intermediação financeira (-13,0%).

No entanto, a agricultura, pecuária, caça e silvicultura foram as áreas que apresentara um crescimento de 10,2%.

Em 2023, a economia do país teve um crescimento de 0,5% no primeiro trimestre, seguida por uma queda de 2,5% no segundo trimestre. No terceiro trimestre, houve uma recuperação com um aumento de 2,2%, mas o quarto trimestre registrou novamente uma queda de 1,4%.

Inflação em queda

Em maio deste ano, a taxa de inflação na Argentina atingiu 4,2% ao mês, segundo o IPC (Índice de Preços ao Consumidor). O valor é menos da metade do que o de abril, quando atingiu 8,8%. A taxa vem em queda desde o começo do ano, após a posse de Javier Milei como presidente.

A taxa anualizada ficou em 276,4%, somando os últimos 12 meses. Só em 2024, os preços já subiram 71,9%.

No ano passado, a inflação havia atingido 6% em junho e 8,3% em novembro, mês da eleição. A taxa de inflação chegou a 25,5% ao mês em dezembo, quando Milei tomou posse. Em seguida, passou a cair, com 20,6% em janeiro, 13,2% em fevereiro, 11% em março e 8,8% em abril.

A inflação de maio não registrou ainda efeitos da alta do dólar no país. A cotação MEP (usada no mercado financeiro) avançou 16,8%, e o blue (paralelo), 17%, chegando a quase 1.300 pesos por dólar.

Ao assumir a liderança do governo, Milei tomou medidas como desvalorizar o câmbio oficial, conter o déficit fiscal e reduzir os reajustes de aposentadorias e repasses às províncias. Essas ações esfriaram a economia e melhoraram os indicadores, mas há queixas de perda de poder de compra da população e incertezas sobre como sustentar o controle fiscal a longo prazo.

Acompanhe tudo sobre:ArgentinaPIB

Mais de Economia

O que acontece agora que a regulamentação da reforma tributária foi aprovada?

Com demanda menor, indústria deverá crescer menos em 2025 e ter alta de 2,1%, projeta CNI

Lira diz que vai votar pacote em 2024 e vê 'boa vontade' do Senado

Investimentos externos da China crescem 11,2% com impulso da iniciativa cinturão e rota