Economia

Após manter juro alto, BC libera R$ 45 bi para crédito

Feito sob medida para incentivar a concessão de crédito pelos bancos, o pacote surpreendeu o mercado financeiro

Prédio do Banco Central em Brasília: serão 400 vagas para o cargo de analista e 100 para o de técnico (Wikimedia Commons)

Prédio do Banco Central em Brasília: serão 400 vagas para o cargo de analista e 100 para o de técnico (Wikimedia Commons)

DR

Da Redação

Publicado em 26 de julho de 2014 às 09h07.

Brasília - O Banco Central anunciou ontem (25) um pacote de R$ 45 bilhões, em mais um esforço do governo Dilma Rousseff para estimular a economia, agora a dois meses da eleição presidencial. Feito sob medida para incentivar a concessão de crédito pelos bancos, principalmente o financiamento de setores tradicionais, como operações com consignado e financiamento de veículos, o pacote surpreendeu o mercado financeiro.

Apenas 24 horas após sinalizar, na ata da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), que as pressões inflacionárias justificam o atual patamar elevado da taxa básica de juros, o BC anunciou um pacote na direção contrária (leia matéria na página B3). Nada menos do que R$ 30 bilhões foram liberados, imediatamente a partir de ontem (25), em recursos à vista e a prazo para os bancos.

Até o fim de julho de 2015, quando as medidas devem expirar, os bancos poderão direcionar metade do dinheiro que depositam compulsoriamente no BC para financiar novas operações de crédito aos consumidores e para as empresas. Os bancos também poderão usar esse dinheiro extra para adquirir a carteira de crédito de outras instituições financeiras.

O BC projeta que o impacto potencial das medidas, ao longo do tempo, pode se elevar em mais R$ 15 bilhões, totalizando R$ 45 bilhões. "Não pensamos na medida de hoje para amanhã. Temos de aguardar o comportamento da demanda para saber em quanto tempo os R$ 15 bilhões se transformarão em crédito", afirmou o chefe do Departamento de Normas do BC, Sergio Odilon dos Anjos.

Dilma

As medidas do BC coincidem com interesses do Palácio do Planalto. A presidente Dilma Rousseff e o ministro da Fazenda, Guido Mantega, discutiam há quase cinco meses formas de fazer com que o mercado de crédito voltasse a crescer fortemente, como ocorreu no período entre 2004 e 2012. Dilma, Mantega e o chefe da Casa Civil, Aloizio Mercadante, se reuniram ontem (25) no Palácio da Alvorada, por mais de três horas, para avaliar o pacote.

A preocupação é que o pífio crescimento da economia afete o binômio "emprego e renda", vitrine da campanha de Dilma, causando prejuízo eleitoral. Em conversas reservadas, auxiliares de Dilma avaliam que o pacote "retira o atrito" do mercado e dá fôlego à economia. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Acompanhe tudo sobre:Banco CentralCréditoGoverno DilmaMercado financeiro

Mais de Economia

Inflação na zona do euro registra leve alta, a 2,6%, em julho

Desemprego no Brasil cai para 6,9% em junho, menor taxa para o mês desde 2014

Governo congela R$ 4,5 bi do PAC e R$ 1,1 bi em emendas; Saúde é o ministério mais afetado

Mais na Exame