Economia

Após falas sobre a Selic, Galípolo diz que foi "mal-interpretado"

Na FGV, Galípolo voltou a afirmar que o BC vai usar todas as ferramentas necessárias para atingir a meta de inflação

André Martins
André Martins

Repórter de Brasil e Economia

Publicado em 23 de agosto de 2024 às 10h03.

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O diretor de Política Monetária do Banco Central, Gabriel Galípolo, afirmou na quinta-feira, 22, que suas falas recentes sobre uma possível alta na taxa de juros, a Selic, foram mal interpretadas pelo mercado financeiro, mas reconheceu que também se expressou mal e está aberto a críticas.

"Vim agora de uma fala em que me expressei mal e tive uma interpretação inadequada, ainda que tenha repetido várias vezes: estou reafirmando minha fala anterior", disse o diretor do BC. Ontem, em um evento da Fenabrave (Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores), Galípolo disse que "subir juros é uma situação cotidiana para quem está no Banco Central". A fala mexeu com o mercado, com o dólar subindo 1,97% após as declarações do dirigente do BC.

Na FGV, Galípolo voltou a afirmar que o BC vai usar todas as ferramentas necessárias para atingir a meta de inflação e evitou responder questões relacionadas à política fiscal do governo federal, mas valorizou o esforço feito pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad, para equilibrar as contas públicas.

"Espero que tenhamos conseguido deixar claro que, a partir do cenário que temos hoje, a alta de juros está na mesa", afirmou.

O diretor do BC disse ainda que sabe que existe expectativa para entender se suas declarações manteriam o tom mais duro em relação à política monetária, o que tem levado o mercado a precificar uma alta de juros já na próxima reunião.

Aposta de alta de juros

A expectativa de alta de juros ganhou força nas últimas semanas em meio à tentativa do Banco Central de retomar sua credibilidade, com as declarações de Galípolo impulsionando as apostas no mercado de que o Copom elevará os juros em setembro. De acordo com o painel de probabilidades da B3, apenas 34% das apostas em opções do Copom indicam a manutenção da taxa atual de 10,50% na próxima reunião, em setembro. Desde o início do mês, as apostas de alta de juros para setembro saltaram de 47% para 66%.

Dados mais fortes de atividade econômica e inflação, preocupações fiscais e incertezas sobre a nova diretoria do Banco Central já vinham alimentando rumores no mercado sobre a possibilidade de elevação da Selic. No entanto, foi após a divulgação da ata da última reunião do Copom que as apostas em uma alta de juros aumentaram substancialmente. No documento, o colegiado afirmou que poderia elevar a Selic "se necessário".

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