Economia

Após Copom, mercado adia no Focus previsão de 1º corte da Selic para novembro

"O Comitê segue vigilante, avaliando se a estratégia de manutenção da taxa básica de juros por período mais prolongado do que no cenário de referência será capaz de assegurar a convergência da inflação", destacou o BC

Sede do Banco Central do Brasil, em Brasília (Marcello Casal Jr./Agência Brasil)

Sede do Banco Central do Brasil, em Brasília (Marcello Casal Jr./Agência Brasil)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 6 de fevereiro de 2023 às 12h24.

Após o Banco Central indicar que a taxa Selic deveria ficar em 13,75% por período mais prolongado do que o cenário de referência, o mercado financeiro adiou o primeiro corte dos juros básicos em uma reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), de setembro para novembro.

Conforme a mediana do Sistema de Expectativas de Mercado, base para a publicação do Boletim Focus, o mercado projeta que a Selic deve cair de 13,75% para 13,00% na decisão de 1º de novembro, terminando o ano em 12,50%, mesmo porcentual esperado na semana passada, antes do Copom.

No comunicado da decisão da última quarta-feira, 1º de fevereiro que manteve a Selic em 13,75% pela quarta vez seguida, o BC afirmou que a incerteza fiscal e a desancoragem das expectativas de inflação em prazos mais longos aumenta o custo para controlar a inflação.

A autoridade monetária ainda reforçou o compromisso com as metas estabelecidas pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), em meio às críticas do presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, aos juros elevados, à independência do BC e ao patamar das metas.

"O Comitê segue vigilante, avaliando se a estratégia de manutenção da taxa básica de juros por período mais prolongado do que no cenário de referência será capaz de assegurar a convergência da inflação", destacou o BC.

Expectativas de inflação elevadas são uma espécie de “inflação contratada”, segundo economistas, o que pode impor ao BC a necessidade de manter a Selic no patamar alto por um período maior ou até mesmo elevar a taxa.

E juros básicos altos refletem no encarecimento do crédito e influenciam negativamente o consumo da população e os investimentos produtivos.

Além disso, investidores buscam retornos reais em suas aplicações financeiras, ou seja, já descontada a taxa de inflação esperada no horizonte de investimento. Expectativas de inflação mais alta fazem os investidores exigirem taxas de juros maiores, impactando o custo de captação de empresas e do governo.

Inflação maior para 2023 e os próximos anos

As expectativas de inflação voltaram a piorar no Boletim Focus, conforme divulgação desta segunda-feira do Banco Central. A projeção para o IPCA - índice oficial de inflação - deste ano subiu de 5,74% para 5,78%. Para 2024, horizonte cada vez mais relevante para a estratégia de convergência à inflação do BC, a projeção também avançou, de 3,90% para 3,93%.

Atualmente, o foco da política monetária está nos anos de 2023 e com maior peso, de 2024. A mediana na Focus para a inflação oficial em 2023 está bem acima do teto da meta (4,75%), apontando para três anos de descumprimento do mandato principal do Banco Central, após 2021 e 2022. Para 2024, a mediana está acima do centro da meta (3,00%), mas ainda dentro do intervalo que vai de 1,50% a 4,50%.

No Focus, a projeção para o IPCA de 2025 continuou em 3,50%, de 3,30% há um mês. Da mesma forma, a estimativa para o IPCA de 2026 se manteve em 3,50%, contra 3,20% um mês antes. A meta para 2025 é de 3,00% (margem de 1,50% a 4,50%). Ainda não há objetivo definido para 2026.

Na reunião do Copom deste mês, o primeiro do governo Lula, o BC atualizou suas projeções para a inflação no cenário de referência com estimativas de 5,6% em 2023 e 3,4% para 2024. O colegiado ainda inseriu um cenário alternativo, em que a Selic fica estável por todo o horizonte relevante. Nesse cenário, as projeções são de 5,5% para 2023 e 2,8% para 2024. O Copom manteve a Selic em 13,75% ao ano pela quarta vez seguida.

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