Economia

Após recuos, Bolsonaro promete reforma administrativa para semana que vem

Governo já prometeu envio várias vezes, e presidente já sinalizou que poderia deixar a proposta em "banho-maria" por tempo indeterminado

Jair Bolsonaro e Paulo Guedes: presidente não estava confortável com texto proposto pelo Ministério da Economia (Isac Nóbrega/PR/Flickr)

Jair Bolsonaro e Paulo Guedes: presidente não estava confortável com texto proposto pelo Ministério da Economia (Isac Nóbrega/PR/Flickr)

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Agência O Globo

Publicado em 13 de fevereiro de 2020 às 13h17.

Última atualização em 13 de fevereiro de 2020 às 15h32.

Brasília - O presidente Jair Bolsonaro disse nesta quinta-feira que pretende encaminhar a proposta do governo de reforma administrativa na semana que vem, e garantiu que os direitos dos atuais servidores não serão alterados, inclusive o da estabilidade.

"Pretendo encaminhar semana que vem. Pretendo encaminhar, se não houver nenhuma marola até lá, pretendo encaminhar… Está muito tranquila a reforma. Não será mexido nos direitos atuais dos servidores, inclusive a questão da estabilidade. Quem é servidor continua com a estabilidade, sem problema nenhum. As mudanças propostas ao Congresso é que valeriam para os futuros servidores. Algumas categorias teriam estabilidade, alguma diferenciação, porque têm que ter: a Polícia Federal, Polícia Rodoviária Federal, Forças Armadas, Receita...", declarou, na saída do Palácio da Alvorada.

Em conversas recentes, o presidente indicou a aliados não estar confortável com o texto proposto pelo Ministério da Economia e sinalizou que poderia deixar a proposta em "banho-maria" por tempo indeterminado.

A hesitação de Bolsonaro e o consequente vaivém do governo em torno do envio de uma proposta própria de reforma administrativa ao Congresso tem como pano de fundo uma queda de braço entre a equipe econômica e ministros da “cozinha” do Palácio do Planalto.

A avaliação do entorno mais próximo ao presidente é que a proposta defendida pelo ministro da Economia, Paulo Guedes, pode acabar com carreiras de estado.

Na terça-feira, o líder do governo no Senado, Fernando Bezerra Coelho (MDB-PE), admitiu que houve conversas sobre como agilizar a tramitação e, por isso, cogitou-se adotar uma proposta de emenda à Constituição (PEC) já em tramitação no Legislativo.

Segundo ele, porém, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), se posicionou contra a ideia de o governo não mandar sua própria proposta. Questionado sobre a ideia, Bolsonaro destacou o papel do Congresso:

"Olha, o Congresso tem autonomia, tá certo? Tem a primora, pode rejeitar o nosso, pegar o de alguém lá e melhorar. Pode tudo, o Parlamento. E, olha só, a gente não pode interferir na reta final, porque promulgou, já era. Não tem veto em PEC."

O que deve mudar com a proposta

Cargos

Redução gradativa do número de cargos de nível auxiliar e intermediário. Hoje, há 223 mil servidores nesses níveis.

Nomenclatura

Unificação da nomenclatura dos cargos. Hoje, um mesmo cargo pode ter até 13 denominações.

Concursos

Haverá corte no número de concursos públicos. A ideia é reduzir os gastos com folha de pessoal.

Tempo de serviço

Servidores novos não terão direito a progressão automática por tempo de serviço. Para algumas categorias, o direito à estabilidade passaria de três para dez anos.

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