Economia

Apesar de chuvas, RS caminha para boa colheita de trigo

Relatório disse que as lavouras de trigo do Estado estão "com boa condição sanitária e ainda com perspectiva de boa colheita"


	Colheita de trigo: três por cento das plantações estão maduras para a colheita, 41% em fase de enchimento de grãos e 41% em floração
 (Adriano Machado/Bloomberg)

Colheita de trigo: três por cento das plantações estão maduras para a colheita, 41% em fase de enchimento de grãos e 41% em floração (Adriano Machado/Bloomberg)

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Da Redação

Publicado em 26 de setembro de 2013 às 18h19.

São Paulo - Apesar de chuvas recentes, as lavouras de trigo do Rio Grande do Sul seguem com boa qualidade, mas os produtores estão atentos para as possibilidades de um clima mais chuvoso a poucas semanas do início da colheita, disseram especialistas nesta quinta-feira.

Relatório semanal divulgado nesta quinta-feira pela Emater/RS, órgão de extensão rural do governo gaúcho, disse que as lavouras de trigo do Estado estão "com boa condição sanitária e ainda com perspectiva de boa colheita".

Três por cento das plantações estão maduras para a colheita, 41 por cento em fase de enchimento de grãos e 41 por cento em floração, fases mais vulneráveis ao frio intenso e à umidade elevada.

Os produtores gaúchos costumam dividir com os do Paraná a liderança da produção brasileira de trigo.

Neste ano, no entanto, geadas afetaram a produção paranaense, e o Rio Grande do Sul deve responder pela maior fatia do suprimento aos moinhos nacionais, o que aumenta a importância da safra gaúcha para o país, um importador líquido do cereal.

Dados compilados pela Somar Meteorologia mostram que choveu em sete dos últimos dez dia nas regiões de Santa Rosa, Santo Ângelo e Passo Fundo, importantes áreas produtoras do Rio Grande do Sul.

"O clima não foi favorável nos últimos dias, mas por enquanto não há projeção de perdas que venham a abalar as estimativas", disse à Reuters o assistente técnico da Emater/RS, Ataídes Jacobsen, especialista em trigo.

Em 2012, algumas regiões do Rio Grande do Sul registraram perdas na qualidade do trigo, devido à elevada umidade dos grãos colhidos. Chuvas em excesso também podem favorecer a proliferação de fungos.

Segundo a Jacobsen, a colheita no Rio Grande do Sul deve começar efetivamente perto do dia 10 de outubro.

A MetSul Meteorologia alertou que os primeiros 30 dias da primavera, iniciada no último domingo, serão de chuvas e frio acima da média.


"Pode atrapalhar a colheita", disse a meteorologista Estael Sias, da MetSul.

O engenheiro agrônomo Jairton Dezordi, da Cooperativa Tritícola de Santa Rosa (Cotrirosa), lembra que chuvas prolongadas no período de colheita dificultam o armazenamento dos grãos, que precisam chegar aos silos com determinado índice de umidade.

"O problema pode vir a ocorrer se no momento da colheita, chover e chover por vários dias consecutivos", disse.

A estimativa mais recente da Emater/RS é de que o Rio Grande do Sul produza 2,47 milhões de toneladas de trigo, alta de 33 por cento ante a safra de 2012, impactada por fatores climáticos.

Já no Paraná, o Departamento de Economia Rural reduziu nesta quinta-feira a estimativa de colheita de trigo para 1,72 milhão de toneladas, ante estimativa anterior de 1,9 milhão, ainda por efeito de geadas.

Geadas no RS

Produtores de algumas regiões do noroeste do Rio Grande do Sul dizem que geadas recentes podem ter impacto negativo no trigo que será colhido nas próximas semanas, apesar de a extensão dos danos ser limitada.

"Os danos este ano vão estar mais relacionados com geadas. Uma foi nos dias 27 e 28 de agosto e a outra em 18 de setembro", disse Dezordi, referindo-se à região de Santa Rosa. "Não deve ser altamente significativo." A região de Santo Ângelo também teve problemas com geadas recentes.

"Já dá para ver em campo", disse o gerente técnico da Cooperativa Tritícola de Santo Ângelo (Cotrisa), José Carlos Libardoni, que estima as perdas cerca de 25 por cento nos 55 mil hectares plantados com o cereal na área de atuação da cooperativa.

O relatório desta quinta-feira da Emater afirma que as geadas, que foram de baixa intensidade, causaram danos nas áreas mais baixas e especialmente no trigo plantado mais cedo.

"Até o momento, não foi possível quantificar as perdas (consideradas pequenas, numa primeira avaliação), pois a cultura não vem apresentando sintomas de grandes danos até o momento", afirmou a entidade.

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