Haddad: regra fiscal deve ser apresentada em março (Rovena Rosa/Agência Brasil)
Repórter de Economia e Mundo
Publicado em 15 de fevereiro de 2023 às 10h54.
Última atualização em 15 de fevereiro de 2023 às 11h28.
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse nesta quarta-feira, 15, que o governo trabalha para antecipar para março a apresentação da proposta de nova âncora fiscal, a substituir o atual teto de gastos.
Haddad falou sobre o tema em participação nesta manhã no CEO Conference, evento organizado pelo BTG Pactual (do mesmo grupo de controle da EXAME).
"Nós vamos em março, provavelmente, anunciar o que nós entendemos que seja a regra fiscal adequada para o país", disse o ministro. Em falas anteriores, o governo vinha afirmando que a regra seria apresentada em abril, junto com a Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO). O prazo limite estabelecido pelo Congresso é até agosto.
O ministro afirmou que a ideia de apresentar a proposta de forma antecipada veio em discussões com os ministros Simone Tebet (Planejamento) e Geraldo Alckmin (MDIC), que argumentaram que seria necessário um prazo de debate do texto antes da LDO.
O ministro ainda não explicou que tipo de âncora o governo espera adotar, mas disse que sua equipe tem estudado modelos pelo mundo. Já é dado como certo que será alterado o modelo atual, que limita o crescimento dos gastos à inflação e é criticado pelo governo.
Haddad disse que a regra fiscal deve ser possível de ser cumprida para que gere credibilidade. "Eu sou a favor de metas exigentes, senão você não trabalha. Mas tem que o ser humano conseguir fazer aquilo", disse. "Quando você começa a projetar cenários irrealistas, vai perdendo credibilidade, vai perdendo interlocução, as pessoas param de acreditar em você."
Na fala, Haddad afirmou que, após meses de trabalho que vieram desde a transição, a Fazenda começa a apresentar um "plano de voo", e que as primeiras votações no Congresso serão testadas agora. "Estou confiante, tenho ouvido dos dois presidentes [Câmara e Senado] gestos de boa vontade", disse o ministro.
Pela PEC da Transição aprovada no fim de 2022, o governo pode aprovar a nova âncora fiscal via lei complementar, com maioria simples no Congresso e sem necessidade de uma nova emenda à Constituição, que exigiria dois terços dos votos dos parlamentares.
Além da âncora fiscal, outra prioridade do governo é a reforma tributária, inicialmente sobre o consumo, que também deve chegar ao Congresso nos próximos meses. Na fala nesta quarta-feira, Haddad afirmou que a reforma tributária, embora não tenha efeito imediato, servirá para reduzir "o risco fiscal e jurídico" do Brasil.