Protesto contra Davos: no Quênia, manifestantes se reuniram na sexta-feira 17 para pressionar o fórum a agir contra desigualdade global (Baz Ratner/Reuters)
Da Redação
Publicado em 20 de janeiro de 2020 às 06h03.
Última atualização em 20 de janeiro de 2020 às 10h49.
O 1% mais rico do mundo tem mais do que o dobro da riqueza do resto da humanidade combinada, de acordo com a Oxfam, que pediu aos governos que adotem “políticas de combate à desigualdade”.
Em relatório publicado antes da reunião anual do Fórum Econômico Mundial de 2020, em Davos, a instituição de caridade do Reino Unido disse que os impostos cobrados de indivíduos ricos e empresas estão muito aquém do necessário, com recursos abaixo do esperado para serviços públicos.
O relatório da Oxfam também destacou as desigualdades econômicas de gênero. Mulheres e meninas são sobrecarregadas com uma responsabilidade desproporcional pelo trabalho de cuidados, com menos oportunidades econômicas. “A desigualdade econômica está fora de controle”, com 2.153 bilionários com mais patrimônio do que 4,6 bilhões de pessoas em 2019, segundo o estudo.
“Nossas poucas economias estão enchendo os bolsos de bilionários e grandes empresas às custas de homens e mulheres comuns”, disse o presidente da Oxfam India, Amitabh Behar. “Não é de admirar que as pessoas comecem a questionar se os bilionários deveriam existir.”
As três pessoas mais ricas do mundo acumularam um total de US$ 231 bilhões na última década, segundo dados compilados pela Bloomberg. O presidente do Facebook, Mark Zuckerberg, a quinta pessoa mais rica do mundo, registrou o maior aumento da fortuna no ano passado, com ganho líquido de cerca de US$ 6 bilhões. O CEO da Amazon.com, Jeff Bezos, ainda ostenta o primeiro lugar com patrimônio líquido de US$ 116 bilhões.
O patrimônio total dos 20 maiores bilionários do mundo dobrou de US$ 672 bilhões para cerca de US$ 1,4 trilhão desde 2012, segundo a Bloomberg Wealth.
Um indivíduo que tivesse economizado US$ 10 mil por dia desde a construção das pirâmides do Egito ainda teria apenas 20% da fortuna média das cinco pessoas mais ricas do mundo, disse a Oxfam.
Na opinião de críticos da Oxfam, as estatísticas de desigualdade da organização são equivocadas, sugerindo que os números exagerem a dimensão do problema. A organização tem defendido repetidamente sua análise e desafia tais acusações.
As estatísticas anuais da instituição se baseiam no relatório Global Wealth do Credit Suisse, o qual, segundo a própria Oxfam, tem pouca qualidade e até subestima a escala das desigualdades de riqueza.
Citando pesquisa do Banco Mundial, a Oxfam disse que diminuir a desigualdade tem um efeito maior na redução da pobreza extrema do que o crescimento econômico. Essa análise “mostra que, se os países reduzissem a desigualdade de renda em 1% a cada ano, 100 milhões a menos de pessoas estariam vivendo em extrema pobreza em 2030”, afirmou.
Números do Banco Mundial, com sede em Washington, mostram que a pobreza extrema caiu drasticamente nas últimas duas décadas. Segundo os dados, o número de pessoas que vivem com menos de US$ 1,90 por dia diminuiu em 1,1 bilhão desde 1990.
No entanto, o Banco Mundial alerta que o processo de redução da pobreza desacelerou ou até reverteu em alguns países. Cerca de 736 milhões de pessoas ainda viviam em extrema pobreza em 2015, mais da metade delas na África subsaariana.