Cabos de transmissão de energia elétrica: relatórios classificam a decisão do governo de temporária, destacando a falta de uma solução de longo prazo para o problema (Dado Galdieri/Bloomberg)
Da Redação
Publicado em 10 de março de 2014 às 20h55.
Rio - Analistas do mercado financeiro receberam com ressalvas a decisão do governo, tomada na última sexta-feira, 10, de transferir R$ 1,2 bilhão de recursos da Conta de Desenvolvimento Energético (CDE) para cobrir a exposição involuntária das distribuidoras ao mercado de curto prazo. Relatórios divulgados hoje classificam a decisão de temporária, destacando a falta de uma solução de longo prazo para o problema.
"Esperamos uma reação positiva do mercado, especialmente em relação à Copel, Light e Cemig, as quais têm sido atingidas duramente pelas incertezas no capital de giro. Entretanto, pode ser muito cedo para celebrar", escreveram os analistas Paula Kovarsky e Gabriel Laera, do banco de investimentos Itaú BBA.
Os analistas do banco JP Morgan Marcos Severine e Henrique Peretti avaliaram que o momento atual ainda é de grande incerteza. "Achamos que as duas próximas semanas serão decisivas para o setor, porque é quando esperamos que o governo anuncie o pacote de medidas para endereçar o reembolso dos custos não gerenciáveis das distribuidoras", afirmaram os analistas, em relatório.
Os analistas Lilyanna Yang e Carlos Herrera, do banco UBS, chamaram atenção para o fato de os recursos da CDE serem escassos. "O Tesouro Nacional já reservou no orçamento R$ 9,9 bilhões para a CDE para 2014, mas pode precisar injetar outros R$ 20 bilhões este ano para impedir que o setor quebre e aumente em 18% as tarifas de energia", escreveram os analistas.
As empresas de distribuição ainda precisam contratar 3,5 mil MW médios, o que as obriga a ter que comprar a energia no mercado de curto prazo em um momento de fracas chuvas e baixo nível dos reservatórios, o que elevou o preço spot a R$ 822,23/Mwh.
Para os analistas do Credit Suisse Vinicius Canheu e Pedro Manfredini, a medida trouxe um alívio parcial ao setor, por ser limitada ao mês de janeiro e não cobrir o custo do despacho térmico. O fato de o governo não ter anunciado uma solução definitiva levou aos analistas do Credit concluírem que a conta ser bancada em 2014 é muito maior do que foi em 2013, de modo que provavelmente o custo das térmicas será repassado para as tarifas de energia.
"Outras medidas (como limitar os preços spot) poderiam ser parte de uma solução mais abrangente", avaliaram. Para os profissionais do Credit Suisse, o reajuste extraordinário das tarifas seria a melhor solução, mas o efeito colateral disso seria o impacto na inflação que, desde o ano passado, o governo está tentado controlar.