Economia

Alta do dólar pode fazer Selic voltar a subir antes do previsto

Curva de DI mostra Selic média de 5,3% no último trimestre de 2020, acima do patamar atual (5%) e do esperado para o fim de 2019 e de 2020, de 4,5%

Dólar e real: nesta terça (26), a moeda americana fechou em R$ 4,2398 na venda (NurPhoto/Getty Images)

Dólar e real: nesta terça (26), a moeda americana fechou em R$ 4,2398 na venda (NurPhoto/Getty Images)

Victor Sena

Victor Sena

Publicado em 26 de novembro de 2019 às 18h26.

Última atualização em 26 de novembro de 2019 às 18h50.

São Paulo — Os recentes recordes no valor do dólar têm levado o mercado a se preocupar com o risco de os juros precisarem começar a subir antes do esperado. Nesta terça (26), a moeda americana fechou em R$ 4,2398 na venda, alta de 0,59% e mais de 2 centavos acima da máxima anterior, marcada na véspera.

A curva de DI já mostra Selic média de 5,3% no último trimestre de 2020, acima do patamar atual (5%) e 80 pontos-base acima do nível de 4,50% esperado pelo mercado para o fim de 2019 e de 2020. A curva começa a embutir altas de juros em meados de 2020.

Nesta terça, o DI janeiro 2021 chegou a saltar 12 pontos-base. Esse contrato reflete as expectativas do mercado para o rumo da Selic de hoje até o fim de 2020.

A inclinação entre os DIs janeiro 2025 e janeiro 2021, uma medida de risco, saltava a 1,84 ponto percentual, distante da marca de 1,50 ponto do começo de novembro.

O risco de altas de juros pressionou ainda o mercado de ações, que se beneficia de taxas mais baixas na renda fixa. O Ibovespa fechou em queda de 1,16% (segundo dados preliminares), pouco acima dos 107 mil pontos, descolando de Wall Street, que bateu novos recordes históricos

"Avisa ao Paulo Guedes que se continuar falando... não temos que nos acostumar com dólar alto só não, mas com juros também", disse Ivo Chermont, sócio e economista-chefe da Quantitas, num momento em que os sinais de retomada econômica ainda são embrionários.

O economista se referiu a uma das supostas causas do aumento do dólar nesta terça-feira: uma fala do ministro da Economia, Paulo Guedes.

"Quando você tem um fiscal mais forte e um juro mais baixo, o câmbio de equilíbrio também ele é mais alto", afirmou Guedes em entrevista coletiva na embaixada brasileira em Washington.

A interpretação do mercado foi: a alta do dólar não é um problema. Com a sensação de que a moeda acima de 4,20 reais não incomoda, os players viram espaço para reforçar as compras, o que automaticamente empurrou a cotação para acima da máxima histórica anterior, de 4,2482 reais na cotação de compra.

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