Economia

Alta de combustíveis reduz chance de IPC-S fechar em 0,80%

O atual cenário de alta maior do que a imaginada inicialmente para os preços dos combustíveis é o grande fator de ameaça para a confirmação da estimativa


	Bomba de gasolina: conforme a FGV, o combustível subiu 5,09% na terceira quadrissemana ante 2,87%
 (Jeff Pachoud/AFP)

Bomba de gasolina: conforme a FGV, o combustível subiu 5,09% na terceira quadrissemana ante 2,87% (Jeff Pachoud/AFP)

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Da Redação

Publicado em 23 de fevereiro de 2015 às 13h49.

São Paulo - O coordenador do Índice de Preços ao Consumidor Semanal (IPC-S), Paulo Picchetti, manteve nesta segunda-feira, 23, previsão de uma taxa de inflação de 0,80% para o indicador da Fundação Getulio Vargas (FGV) do fim de fevereiro, mas reconheceu que a probabilidade de este número ser ratificado diminuiu.

Em entrevista ao Broadcast, serviço de notícias em tempo real da Agência Estado, para comentar o resultado do índice na terceira quadrissemana do mês, ele destacou que o atual cenário de alta maior do que a imaginada inicialmente para os preços dos combustíveis é o grande fator de ameaça para a confirmação da estimativa.

"A projeção de 0,80% virou piso", comentou.

Nesta segunda-feira, a FGV anunciou que o IPC-S registrou taxa de 1,08% na terceira quadrissemana de fevereiro.

O resultado representou uma desaceleração de 0,19 ponto porcentual ante a inflação de 1,27% registrada na segunda leitura do mês.

A previsão de Picchetti para a terceira medição de fevereiro era de um IPC-S de 1,00%.

De acordo com ele, os fatores esperados com influência de desaceleração (ônibus, cursos formais e tarifa de energia elétrica) cumpriram seu papel, mas o efeito de aceleração gerado pelos combustíveis no indicador da FGV compensou, por exemplo, o movimento contrário gerado pela saída da alta da tarifa de ônibus da inflação captada.

Conforme a FGV, a gasolina subiu 5,09% na terceira quadrissemana ante 2,87% na segunda leitura do mês e liderou o ranking de pressões de alta do IPC-S.

O etanol, por sua vez, avançou 4,10% ante 2,50% e também ficou entre os dez itens que mais geraram impacto.

Juntos, pelos cálculos de Picchetti, os dois combustíveis representaram 0,07 ponto porcentual do que seria um movimento de aceleração no IPC-S.

O item Tarifa de Ônibus (alta de 3,55% ante 5,90%) representou 0,08 ponto porcentual do processo de desaceleração efetivo apresentado pelo indicador da FGV.

O segmento de Cursos Formais (elevação de 1,81% ante 3,93%) respondeu por 0,07 ponto porcentual do mesmo processo e o item Tarifa de Eletricidade Residencial (aumento de 2,88% ante 4,85%) foi responsável por 0,06 ponto porcentual do alívio geral.

Para Picchetti, a notícia que pode ameaçar a projeção de 0,80% para o IPC-S de fevereiro é de que a gasolina e o etanol estão subindo ainda mais nas pesquisas de ponta, que representam os levantamentos mais recentes da FGV que ainda serão computados na montagem das próximas divulgações.

"É isso que pode comprometer", avaliou.

De acordo com o coordenador, um agente inusitado que pode confirmar a estimativa de 0,80% do IPC-S é o grupo Alimentação, que subiu 0,95% na terceira quadrissemana ante 1,10% na segunda leitura do mês.

A despeito de o conjunto de preços englobar a parte mais volátil do índice da FGV, a de alimentos in natura, há uma certa esperança de que exista uma ajuda para inflação vinda exatamente de lá.

Na terceira medição de fevereiro, o segmento de Hortaliças e Legumes subiu 5,09% ante alta de 6,93% na segunda quadrissemana do mês.

Um item que pode ajudar é a batata-inglesa, que recuou 0,92% na pesquisa divulgada nesta Segunda pela FGV e que vem mostrando baixa de 6% nos levantamentos de ponta.

"O problema é que o tomate subiu 7,59% na terceira quadrissemana e está avançando mais de 10% na ponta", alertou Picchetti. "Para chegamos à estimativa de 0,80% para o IPC-S, a Alimentação precisa ajudar mais", salientou.

O resultado final do IPC-S de fevereiro será conhecido na próxima segunda-feira, dia 2 de março.

Em janeiro, o indicador da FGV, influenciado especialmente por uma série de reajustes de preços administrados, registrou taxa de 1,73%, o maior da série histórica da instituição iniciada em 2003.

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