Economia

Alimentação garante inflação da baixa renda menor, diz FGV

Isso deve mudar já no mês de março, afirmou o economista do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas (Ibre/FGV) André Braz


	Consumidora escolhe tomates em feira: "Quando os alimentos começarem a refletir a seca, a inflação vai acelerar", disse André Braz
 (Dado Galdieri/Bloomberg)

Consumidora escolhe tomates em feira: "Quando os alimentos começarem a refletir a seca, a inflação vai acelerar", disse André Braz (Dado Galdieri/Bloomberg)

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Da Redação

Publicado em 13 de março de 2014 às 16h59.

Rio - A inflação percebida pelas famílias com renda mensal entre 1 e 2,5 salários mínimos, de 0,45% em fevereiro, ficou abaixo da elevação média de preços (0,66%) em função dos alimentos, que têm um peso maior no orçamento e estão em desaceleração.

Mas isso deve mudar já no mês de março, afirmou o economista do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas (Ibre/FGV) André Braz. Segundo ele, as famílias de baixa renda, mais sensíveis a variações de preços na alimentação, sentirão no bolso os efeitos da seca.

"Quando os alimentos começarem a refletir a seca, a inflação vai acelerar", disse Braz, citando que os alimentos in natura devem ser os primeiros a mostrar esse impacto, entre eles o tomate, que voltará a ser vilão.

"Mas, se for esse o caso, os in natura costumam devolver a alta nos meses posteriores. Esse efeito é mais grave quando os preços têm persistência maior, como é o caso de laticínios e carne", explicou o economista, sem descartar que a estiagem possa provocar uma alta em todos esses itens.

No mês de fevereiro, no entanto, os alimentos desaceleraram de 0,80% para 0,47%. Como responde por cerca de um terço do orçamento das famílias de baixa renda, o grupo determinou a desaceleração da inflação. O Índice de Preços ao Consumidor - Classe 1 (IPC-C1) vinha de alta de 0,71% em janeiro.

Outro fator que contribui para que a inflação da baixa renda se posicione abaixo da inflação geral é o peso dos serviços dentro do índice, muito menor do que na média das famílias.

"A renda das famílias mais humildes fica concentrada em despesas imediatas. Então, não é que elas não experimentem um nível elevado de inflação, mas eles não têm tanta renda disponível, e isso (serviços) acaba tendo um peso menor", justificou Braz, ressaltando que os serviços sustentam uma alta superior a 8% em 12 meses.

Os transportes, que respondem por 12% do orçamento das famílias de baixa renda, tiveram leve aceleração, de 0,30% para 0,39%, mas sem uma contribuição mais pesada do reajuste de ônibus no Rio de Janeiro.

"A tarifa de ônibus subiu 6,82% no IPC-C1 do Rio. No entanto, a tarifa em Salvador fica 50% mais barata todo domingo, o que provocou um recuo médio de -0,74% na tarifa de lá. Além disso, Salvador pesa 16% no índice, e o Rio, 10%", detalhou o economista. Com essa combinação de resultados, a tarifa de ônibus urbano na média do País desacelerou de 0,42% para 0,31%.

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