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Alemanha tem três meses para sanar crise do euro, diz Soros

Falando numa conferência econômica em Trento, na Itália, Soros disse que a crise do euro ameaça destruir a União Europeia e empurrar a região para uma década perdida

O bilionário norte-americano George Soros fala durante uma coletiva de imprensa em Davos (Arnd Wiegmann/Reuters)
DR

Da Redação

Publicado em 2 de junho de 2012 às 16h34.

A Alemanha e seu banco central não devem liderar o caminho em direção ao fim da crise de dívida da zona do euro em três meses - americano George Soros neste sábado.

Falando numa conferência econômica em Trento, na Itália, Soros disse que a crise do euro -que ele definiu como uma crise de dívida soberana e uma crise bancária fortemente interligadas- ameaça destruir a União Europeia e empurrar a região para uma década perdida, como ocorreu com a América Latina nos anos 1980.

"Um destino semelhante agora ronda o futuro da Europa. Essa é a resposabilidade que a Alemanha e outros países credores precisam reconhecer. Mas não há sinal de que isso está acontecendo", disse.

Soros disse que espera que as eleições gregas em junho produzam um governo que deseja manter os atuais acordos de resgate, mas acredita que é impossível fazê-lo.

"A crise grega deve chegar a um clímax no outono. Até lá a economia alemã estará enfraquecida também, de maneira que a chanceler (Angela) Merkel terá ainda mais dificuldade do que hoje ao tentar persuadir o público alemão a aceitar novas responsabilidades europeias. É isso que cria uma janela de três meses", disse.

O financista norte-americano nascido na Hungria disse que toda a "culpa e a carga" de ajustar os desequilíbrios da zona do euro está recaindo sobre os países periféricos, mais fracos, mas que o centro do bloco econômico tem ainda mais resposabilidade pela crise.

"O 'centro' é responsável por estabelecer um sistema falho, assinar tratados falhos, criar políticas falhas e sempre fazer muito pouco, tarde demais", disse.

Soros sugeriu a criação de um esquema de seguro de depósitos e pelo acesso direto ao fundo de resgate da zona do euro por bancos, além da unificação da supervisão e da regulação financeira.

Ele também pediu medidas para reduzir os custos de empréstimos de vários países endividados, alertando que se isso não acontecer, o apoio a reformas na Itália minguará, fazendo com que o governo tenha dificuldade em realizá-las.


"Há várias maneiras de reduzir os custos de financiamento, mas todas elas exigem apoio do banco central e do governo alemão", disse.

A zona do euro eventualmente precisará de uma autoridade financeira que possa responsabilizar-se por boa parte dos riscos de solvência de cada país.

Soros disse que o sistema financeiro na Europa está se fragmentando e se reorganizando em linhas nacionais, o que, em alguns anos, pode fazer com que um desmembramento ordenado do bloco econômico seja possível.

Mas "tentativas de fazê-lo mais cedo serão caóticas", levando quase certamente a um colapso da União Europeia, disse.

Ele disse que será necessário um "esforço extraordinário" das autoridades alemãs para conseguir apoio público nos próximos três meses às medidas que são necessárias para interromper as atuais tendências econômicas.

"Temos de fazer o que pudermos para convencer a Alemanha a demonstrar liderança e preservar a União Europeia como aquele objeto fantástico que ela costumava ser", disse.

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A Alemanha e seu banco central não devem liderar o caminho em direção ao fim da crise de dívida da zona do euro em três meses - americano George Soros neste sábado.

Falando numa conferência econômica em Trento, na Itália, Soros disse que a crise do euro -que ele definiu como uma crise de dívida soberana e uma crise bancária fortemente interligadas- ameaça destruir a União Europeia e empurrar a região para uma década perdida, como ocorreu com a América Latina nos anos 1980.

"Um destino semelhante agora ronda o futuro da Europa. Essa é a resposabilidade que a Alemanha e outros países credores precisam reconhecer. Mas não há sinal de que isso está acontecendo", disse.

Soros disse que espera que as eleições gregas em junho produzam um governo que deseja manter os atuais acordos de resgate, mas acredita que é impossível fazê-lo.

"A crise grega deve chegar a um clímax no outono. Até lá a economia alemã estará enfraquecida também, de maneira que a chanceler (Angela) Merkel terá ainda mais dificuldade do que hoje ao tentar persuadir o público alemão a aceitar novas responsabilidades europeias. É isso que cria uma janela de três meses", disse.

O financista norte-americano nascido na Hungria disse que toda a "culpa e a carga" de ajustar os desequilíbrios da zona do euro está recaindo sobre os países periféricos, mais fracos, mas que o centro do bloco econômico tem ainda mais resposabilidade pela crise.

"O 'centro' é responsável por estabelecer um sistema falho, assinar tratados falhos, criar políticas falhas e sempre fazer muito pouco, tarde demais", disse.

Soros sugeriu a criação de um esquema de seguro de depósitos e pelo acesso direto ao fundo de resgate da zona do euro por bancos, além da unificação da supervisão e da regulação financeira.

Ele também pediu medidas para reduzir os custos de empréstimos de vários países endividados, alertando que se isso não acontecer, o apoio a reformas na Itália minguará, fazendo com que o governo tenha dificuldade em realizá-las.


"Há várias maneiras de reduzir os custos de financiamento, mas todas elas exigem apoio do banco central e do governo alemão", disse.

A zona do euro eventualmente precisará de uma autoridade financeira que possa responsabilizar-se por boa parte dos riscos de solvência de cada país.

Soros disse que o sistema financeiro na Europa está se fragmentando e se reorganizando em linhas nacionais, o que, em alguns anos, pode fazer com que um desmembramento ordenado do bloco econômico seja possível.

Mas "tentativas de fazê-lo mais cedo serão caóticas", levando quase certamente a um colapso da União Europeia, disse.

Ele disse que será necessário um "esforço extraordinário" das autoridades alemãs para conseguir apoio público nos próximos três meses às medidas que são necessárias para interromper as atuais tendências econômicas.

"Temos de fazer o que pudermos para convencer a Alemanha a demonstrar liderança e preservar a União Europeia como aquele objeto fantástico que ela costumava ser", disse.

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