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Alemanha é que deveria deixar o euro, diz ex-diretor do FMI

Para Ashoka Modi, problema do euro não é fraqueza da Grécia e sim força da Alemanha; ideia já foi defendida por economistas e investidores como George Soros

Angela Merkel, chanceler alemã (Axel Schmidt/Reuters)

João Pedro Caleiro

Publicado em 20 de julho de 2015 às 15h38.

São Paulo - A Grécia deveria ou não sair do euro ? A questão foi discutida exaustivamente e o país acabou ficando - pelo menos por enquanto.

Mas há quem diga que o problema da moeda comum é na verdade a Alemanha , maior economia do bloco e principal arquiteto pelos pacotes de austeridade e resgate dos últimos anos.

A tese foi defendida pelo economista indiano Ashoka Modi, professor visitante da Universidade de Princeton, em um artigo publicado na Bloomberg View na sexta-feira.

Ele tem proximidade com o assunto: até alguns anos atrás, era diretor-assistente do departamento europeu do Fundo Monetário Internacional ( FMI ), responsável por supervisionar os pacotes de apoio a países em dificuldades.

Seu argumento é que "um retorno alemão ao marco faria o valor do euro cair imediatamente, dando aos países na periferia da Europa um impulso muito necessário na competitividade".

A Alemanha hoje exporta muito, mas gasta e investe pouco. Isso gera um enorme saldo em conta corrente que funciona como uma draga na demanda do bloco - que acaba sem alternativa a não ser gerar crescimento através de exportações.

Se a Alemanha tivesse uma moeda própria, ela seria hoje muito mais forte que o euro - má notícia para a competitividade dos seus produtos, mas boa para países como Itália e Portugal.

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Em fevereiro, a mesma ideia foi defendida na revista Foreign Policy por Patrick Chovanec, professor da Universidade de Columbia e estrategista e diretor da gestora de ativos Silvercrest. Para ele, a Alemanha é a verdadeira âncora que pesa na economia europeia:

"Os superávits crônicos de comércio da Alemanha estão no coração dos problemas da Europa: ao invés de impulsionar a economia global, eles estão a afundando. Os superávits alemães e a pilha de dívidas na periferia da Europa são dois lados da mesma moeda. Os alemães economizaram (muito), e a moeda comum induziu eles - ao invés de economizar menos ou investir em casa - a emprestar para seus parceiros da zona do euro, que usaram o dinheiro para comprar bens alemães".

A tese circula desde quando a crise da Europa se agravou, em meados de 2012. Na época, foi defendida em artigo no New York Times por Kenneth Griffin, presidente-executivo da Citadel, e Anil Kashyap, professor da Universidade de Chicago.

Todo o debate é um testamento aos vícios de origem do euro, uma união monetária criada sem unidade fiscal ou política e que amarrou a uma mesma moeda economias com tamanhos e necessidades totalmente diferentes.

Eventualmente, o bloco vai precisar ou se integrar mais ou ser reduzido para manter alguma coerência. Ou como já disse o investidor George Soros, outro proponente da ideia, ainda em 2012:

"A Alemanha precisa liderar ou sair. Qualquer uma das alternativas seria melhor do que criar uma insustentável Europa de duas velocidades".

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Mas há quem diga que o problema da moeda comum é na verdade a Alemanha , maior economia do bloco e principal arquiteto pelos pacotes de austeridade e resgate dos últimos anos.

A tese foi defendida pelo economista indiano Ashoka Modi, professor visitante da Universidade de Princeton, em um artigo publicado na Bloomberg View na sexta-feira.

Ele tem proximidade com o assunto: até alguns anos atrás, era diretor-assistente do departamento europeu do Fundo Monetário Internacional ( FMI ), responsável por supervisionar os pacotes de apoio a países em dificuldades.

Seu argumento é que "um retorno alemão ao marco faria o valor do euro cair imediatamente, dando aos países na periferia da Europa um impulso muito necessário na competitividade".

A Alemanha hoje exporta muito, mas gasta e investe pouco. Isso gera um enorme saldo em conta corrente que funciona como uma draga na demanda do bloco - que acaba sem alternativa a não ser gerar crescimento através de exportações.

Se a Alemanha tivesse uma moeda própria, ela seria hoje muito mais forte que o euro - má notícia para a competitividade dos seus produtos, mas boa para países como Itália e Portugal.

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Em fevereiro, a mesma ideia foi defendida na revista Foreign Policy por Patrick Chovanec, professor da Universidade de Columbia e estrategista e diretor da gestora de ativos Silvercrest. Para ele, a Alemanha é a verdadeira âncora que pesa na economia europeia:

"Os superávits crônicos de comércio da Alemanha estão no coração dos problemas da Europa: ao invés de impulsionar a economia global, eles estão a afundando. Os superávits alemães e a pilha de dívidas na periferia da Europa são dois lados da mesma moeda. Os alemães economizaram (muito), e a moeda comum induziu eles - ao invés de economizar menos ou investir em casa - a emprestar para seus parceiros da zona do euro, que usaram o dinheiro para comprar bens alemães".

A tese circula desde quando a crise da Europa se agravou, em meados de 2012. Na época, foi defendida em artigo no New York Times por Kenneth Griffin, presidente-executivo da Citadel, e Anil Kashyap, professor da Universidade de Chicago.

Todo o debate é um testamento aos vícios de origem do euro, uma união monetária criada sem unidade fiscal ou política e que amarrou a uma mesma moeda economias com tamanhos e necessidades totalmente diferentes.

Eventualmente, o bloco vai precisar ou se integrar mais ou ser reduzido para manter alguma coerência. Ou como já disse o investidor George Soros, outro proponente da ideia, ainda em 2012:

"A Alemanha precisa liderar ou sair. Qualquer uma das alternativas seria melhor do que criar uma insustentável Europa de duas velocidades".

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