Economia

Alckmin é o candidato do PSDB nas eleições presidenciais

Governador de São Paulo disputava a pré-candidatura com José Serra, prefeito da cidade de São Paulo, que abriu mão da vaga

Geraldo Alckmin, governador de São Paulo e candidato do PSDB à Presidência (--- [])

Geraldo Alckmin, governador de São Paulo e candidato do PSDB à Presidência (--- [])

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Da Redação

Publicado em 9 de outubro de 2008 às 10h43.

O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, foi escolhido nesta terça-feira (14/3) como o candidato do PSDB nas eleições presidenciais deste ano. Alckmin disputava a pré-candidatura com José Serra, prefeito da cidade de São Paulo. Serra decidiu sair da disputa nas prévias do partido em favor do governador.

"Gostaria de dar a primeira palavra em uma homenagem ao grande companheiro José Serra que, num gesto de desprendimento, permitiu iniciarmos uma mobilidade nacional pela mudança", afirmou Alckmin, no meio de diversas lideranças tucanas - como Fernando Henrique Cardoso, Tasso Jereissati, Aécio Neves (MG), deputado Alberto Goldman, Lúcio Alcântara (CE) - exceto o prefeito de São Paulo.

Em seu breve discurso, o governador paulista sinalizou, claramente, que a campanha eleitoral será balizada por um discurso anticorrupção. "Vamos empunhar a bandeira da ética (...) e fecha todas as torneiras do desperdício", diz.

Em reportagem de capa de EXAME de outubro do ano passado, Alckmin admitiu pela primeira vez sua intenção de concorrer à Presidência da República e afirmou: "As reformas terão de ser feitas no primeiro ano". Releia a reportagem da edição 854.

Alckmin enfatizou que o espírito de coletividade que o processo requer, afirmando que uma candidatura "não é uma tarefa individual". "Todos estão conclamados a participar: todos partidos políticos e a população. (...) Rogo a Deus que traga luz para ajudar na construção dessa mudança que queremos."

Apostas em política de contenção de gastos

Conhecido por ter "fechado o cofre" durante o governo do também tucano Mário Covas no estado de São Paulo, no qual atuou como vice-governador, Alckmin deve manter uma política de contenção de despesas se eleito para a Presidência, acredita o diretor-executivo do Conselho de Empresários da América Latina, Alberto Pfeifer. "Ele tentaria reduzir o gasto público, de custeio, se fosse eleito", diz.

Pfeifer também acredita que algumas das estratégias defendidas por Alckmin na gestão de São Paulo seriam repetidas pelo tucano no governo federal. "O Alckmin faria a promoção comercial, com maior agressividade no fomento dos setores com menor produtividade, e investiria no desenvolvimento da infra-estrutura, como fez em São Paulo", afirma.

O ponto fraco de um governo do candidato estaria nas relações com outros países - algo que poderia, no entanto, ser superado, na opinião do empresário: "Ele teve uma presença tímida no exterior até agora. Vai precisar de bons assessores nesta área, mas ele tem capacidade para superar isso".

Apesar da pouca experiência de Alckmin nas relações internacionais, um governo do tucano seria recebido com bons olhos pelos órgãos internacionais de finanças, segundo o cientista político Roberto Romano. "Ele tem um perfil mais conservador do ponto de vista doutrinário em relação à própria economia, e por isso a tendência de ser bem aceito por quem está próximo das finanças", diz. Para Romano, Alckmin também não deve ter problemas no âmbito doméstico por conta do bom relacionamento que mantém com os setores produtivos da economia.

Acima de tudo, diz João Augusto Castro Neves, do Instituto Brasileiro de Estudos Políticos, Alckmin deve manter no governo federal, se eleito, a imagem de bom administrador que conquistou à frente da administração de São Paulo. "A política econômica dele não seria muito dissonante da atual, com ênfase na questão administrativa e na ética", afirma.

A escolha do vice

Para o cientista político Castro Neves, o vice de Alckmin deve vir do Nordeste. Ele arrisca até mesmo um palpite: o senador do Partido da Frente Liberal (PFL) José Agripino Maia (RN). "O nome mais forte é o Agripino Maia, para ter essa combinação sudeste, nordeste", diz.

Início na política aos 19 anos

À frente do estado de São Paulo desde 6 de março de 2001, Alckmin tem 53 anos, 34 deles de envolvimento com a política. Médico formado pela Faculdade de Medicina de Taubaté, começou a vida pública em Pindamonhangaba, interior de São Paulo, onde foi o vereador mais votado nas eleições de 1972. Eleito pelo MDB (Movimento Democrático Brasileiro), Alckmin tinha então 19 anos.

Em 1976, assumiu a prefeitura do município, o que lhe deu força para tentar - e conseguir - uma vaga na Assembléia Legislativa paulista em 1982. Quatro anos mais tarde, Alckmin já seria eleito deputado federal, com participação na Assembléia Nacional Constituinte. Reeleito em 1990, presidiu o PSDB de São Paulo e foi escolhido como vice-governador na chapa de Mário Covas para as eleições estaduais de 1994.

No governo de Mário Covas, foi ainda presidente do Conselho Diretor do Programa Estadual de Desestatização (PED) e do Conselho Diretor do Programa Estadual de Participação da Iniciativa Privada na Prestação de Serviços Públicos e na Execução de Obras de Infra-Estrutura.

Em 2000, tentou sem sucesso eleger-se prefeito da capital paulista, derrotado pela petista Marta Suplicy. Assumiu a administração do estado de São Paulo em março de 2001, após a reeleição do governo e a morte de Covas. Em 2006, Alckmin encerrará o mandato de governador para o qual foi eleito em 2002, com cerca de 12 milhões de votos.

 

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