Economia

"Alca não sai porque;Brasil não tem condição de integrá-la"

Segundo o economista João Luiz Mascolo, debate sobre câmbio adequado para exportações oculta o verdadeiro problema, que é a eliminação das persistentes ineficiências da economia brasileira

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Da Redação

Publicado em 9 de outubro de 2008 às 10h27.

O projeto de criação da Área de Livre Comércio das Américas (Alca) está emperrado porque setores econômicos dos países sul-americanos não têm condições de competir com os Estados Unidos em um mercado livre. A opinião é de João Luiz Mascolo, professor de macroeconomia do Ibmec. "A explicação de por que a Alca não sai está no documento Reformas Microeconômicas e Crescimento de Longo Prazo, do Ministério da Fazenda. Ali temos a relação das ineficiências que o Brasil precisa superar", diz Mascolo (Clique aqui para ler a íntegra do documento em formato .pdf ). "A Federação das Indústrias do Estado de São Paulo não quer Alca por uma razão muito clara. Competindo com produtos americanos, muitas indústrias quebram em meia hora."

A eliminação mais rápida de ineficiências e gargalos, portanto, deveria ser o alvo de pressão dos empresários em geral e dos exportadores em particular. Mas boa parte do setor produtivo tem concentrado esforços em reivindicar uma intervenção no câmbio para estimular as exportações. Para Mascolo, não faz sentido pedir isso. "Uma economia bem-sucedida sempre vai atrair dólar. A solução para a exportação não é câmbio, é eficiência."

A valorização da moeda brasileira ante o dólar, assim, pode representar uma oportunidade. "Os exportadores brasileiros se diziam confortáveis com um câmbio de 2,90 a 3,10 reais por dólar, mesmo com todos os entraves burocráticos, na área tributária e em infra-estrutura", afirma Mascolo. "Em vez de reclamar do câmbio, é o momento de buscar eficiência, de derrubar essas barreiras."

Na opinião do professor, o problema é que muitas vezes aquilo que para a produção é ineficiência, para o governo é receita. Ou seja, o governo resiste ao corte de despesas, e conseqüentemente à redução da carga tributária. Por sua dinâmica intrínseca de expansão e com seu peso cada vez maior, a máquina pública torna-se, ela própria, um gargalo para a economia.

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