Economia

Agropecuária cresce 0,4% e sai ilesa do desastre econômico do 2º trim.

Apesar de representar 5% do PIB, o setor de agro tem um peso de mais de 20% se considerada sua cadeia inteira; neste ano, pode chegar a 27%

Alface é cultivada em fazenda familiar de Nova Friburgo, estado do Rio de Janeiro, 13 de junho de 2020. (Leonardo Carrato / Bloomberg/Getty Images)

Alface é cultivada em fazenda familiar de Nova Friburgo, estado do Rio de Janeiro, 13 de junho de 2020. (Leonardo Carrato / Bloomberg/Getty Images)

Ligia Tuon

Ligia Tuon

Publicado em 1 de setembro de 2020 às 17h58.

Última atualização em 1 de setembro de 2020 às 20h00.

Agropecuária foi o único setor com resultado positivo no produto interno bruto (PIB) do segundo trimestre, quando a economia levou o tombo histórico de 9,7% em relação à primeira parte do ano.

Enquanto os setores de indústria e de serviços tiveram, respectivamente, quedas de 12,3% e 9,7% no período, a agropecuária saiu ilesa, com alta de 0,4%, puxada, principalmente, pela produção de soja e café.

Pela metodologia de cálculo do IBGE, indústria e serviços representam 95% do PIB nacional, ante 5% da agropecuária. O peso da cadeia inteira na economia, porém, é bem maior do que isso, e pode chegar a 27% do PIB brasileiro neste ano, num cenário otimista para o setor, ante 21,4% em 2019, estima a pesquisadora do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), da USP, Nicole Rennó.

Num cenário pior, essa porcentagem cai para 23,5%, nos cálculos da especialista. Em parceria com a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), o Cepea calcula o PIB do agronegócio, que completou em maio cinco meses sucessivos de alta e, em junho, deve ter o sexto.

O setor é muito ligado à balança comercial de bens e serviços, que registrou alta de 1,8% nas exportações, levadas pela venda de commodities, produtos alimentícios e petróleo, enquanto que as importações recuaram 13,2%.

"Se olharmos a balança comercial, não por acaso, é o agro que domina. O setor consegue ter uma vida meio que própria a despeito de uma crise doméstica. E para dentro do país, o segmento fornece sobretudo alimentação, humana e animal, que resiste a crises", explica Arthur Mota, economista da EXAME Research.

O que ajudou o setor durante esses meses de penúria, além da alta da oferta, foi o cenário de preços, medidos em dólar, e pressionados em razão do câmbio, segundo Rennó. Além disso, quando a crise sanitária começou no Brasil, a situação já estava controlada na China e em países europeus, principais destinos das exportações brasileiras. 

A expectativa é que o agronegócio continue apresentando resultados melhores do que os outros setores e ajude na recuperação, segundo Rennó. Porém, o tamanho dessa ajuda vai depender das partes de indústria e de serviços ligadas ao agronegócio, o que a Cepea chama de agroindústria e agrosserviços, que depende mais da demanda interna para crescer. "O grande desafio será a agroindústria, mais dependente da demanda doméstica e que depende de decisões de compras menos essenciais", diz.

Acompanhe tudo sobre:AgronegócioAgropecuáriaeconomia-brasileiraExame ResearchIBGEPIBPIB do Brasil

Mais de Economia

Análise: Inflação preocupa e mercado já espera IPCA de 5% em 2025

Salário mínimo 2025: por que o valor será menor com a mudança de regra

Salário mínimo de R$ 1.518 em 2025 depende de sanção de nova regra e de decreto de Lula

COP29 em Baku: Um mapa do caminho para o financiamento da transição energética global