Economia

Aeroportuários podem parar em julho contra privatização

O temor do trabalhadores é de que, com a privatização, haja demissões e reduções salariais

Em assembleia realizadas esta semana, funcionários dos aeroportos de Brasília, Guarulhos e Campinas já aprovaram indicativo de greve (Getty Images)

Em assembleia realizadas esta semana, funcionários dos aeroportos de Brasília, Guarulhos e Campinas já aprovaram indicativo de greve (Getty Images)

DR

Da Redação

Publicado em 10 de junho de 2011 às 21h12.

Rio - Contrariados com o modelo de privatização dos aeroportos proposto pelo governo, trabalhadores aeroportuários planejam cruzar os braços em julho em protesto. Em assembleia realizadas esta semana, funcionários dos aeroportos de Brasília, Guarulhos e Campinas (SP) já aprovaram indicativo de greve. Na semana que vem, estão previstas assembleias nos aeroportos de Confins, em Minas Gerais, e Galeão, no Rio.

A principal crítica dos trabalhadores é sobre a participação da Infraero no processo. Pela proposta do governo, a estatal seria acionista minoritária. "Não somos contra parcerias com o setor privado, mas não aceitamos o limite de 49% para a participação da Infraero. Além disso, defendemos que as atividades fim dos aeroportos continuem nas mãos do Estado", disse o presidente do Sindicato Nacional dos Aeroportuários (Sina), Francisco Luiz Xavier de Lemos.

O dirigente do sindicato se reuniu ontem com o ministro da Secretaria de Aviação Civil (SAC), Wagner Bittencourt. De acordo com a assessoria de imprensa da SAC, o governo está aberto a discutir a privatização com os aeroportuários e pediu à categoria uma lista com as principais reivindicações dos trabalhadores.

Para o diretor técnico do Sindicato Nacional das Empresas Aeroviárias (SNEA), a ameaça de paralisação "perturba" as companhias e não seria bem vista pelos passageiros. "Com certeza não haveria apoio popular. O governo estudou e viu isso como uma solução para acelerar as obras e tornar a infraestrutura compatível com a demanda. O julgamento (do funcionamento) deve ser posterior", avaliou.

Segundo Lemos, no entanto, o temor do trabalhadores é de que, com a privatização, haja demissões e reduções salariais. "O futuro da categoria está indefinido. O ministro (Bittencourt) não tem resposta para nossos questionamentos. Diz que ninguém será demitido, mas não apresenta que fórmula será usada para que isso não aconteça", diz Lemos.

O sindicato pretende aproveitar as negociações do reajuste salarial da categoria na primeira semana de julho, quando devem acontecer assembleias em 67 aeroportos administrados pela Infraero, para mobilizar os trabalhadores para uma paralisação nacional.

"Pode parecer estranho, mas mesmo que cheguemos a um acordo salarial, podemos entrar em greve por outro motivo", diz sobre o processo de privatização. De acordo com Lemos, o sindicato só mudará de ideia se o governo sinalizar que pretende voltar atrás e tornar a Infraero acionista majoritária nos aeroportos a serem concedidos e limitar a privatização a atividades não operacionais.

Em apoio aos aeroportuários, a Central Única dos Trabalhadores (CUT) planeja para 6 de julho um dia de manifestações contra o modelo de privatização dos aeroportos em todo o País.

Em menos de seis meses, essa é a segunda vez que o setor aéreo está sob ameaça de um novo caos nos aeroportos. Em dezembro do ano passado, às vésperas dos feriados de Natal e Ano Novo, aeroviários (profissionais que trabalham em solo) e aeronautas (comissários e pilotos) programaram uma greve que acabou sendo impedida por uma decisão judicial.

Acompanhe tudo sobre:AviaçãoEmpresas estataisEstatais brasileirasInfraeroPrivatizaçãoServiçosSetor de transporte

Mais de Economia

Oi recebe proposta de empresa de tecnologia para venda de ativos de TV por assinatura

Em discurso de despedida, Pacheco diz não ter planos de ser ministro de Lula em 2025

Economia com pacote fiscal caiu até R$ 20 bilhões, estima Maílson da Nóbrega

Reforma tributária beneficia indústria, mas exceções e Custo Brasil limitam impacto, avalia o setor