Salários: a pesquisa usa o Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), referente a famílias com renda de até cinco salários mínimos (R$ 4.400), que ficou em 9,6% (Rafael Neddermeyer/ Fotos Públicas/Reprodução)
Da Redação
Publicado em 21 de setembro de 2016 às 12h57.
São Paulo - Entre as negociações <a href="https://exame.com.br/topicos/politica-salarial"><strong>salariais</strong></a> coletivas com início de vigência em agosto, 51,8% ficaram abaixo da inflação, mostra pesquisa da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (<a href="https://exame.com.br/topicos/fipe"><strong>Fipe</strong></a>). </p>
O resultado interrompe a sequência de queda, registrada desde março, nos ajustes abaixo da inflação.
Segundo o coordenador da pesquisa Hélio Zylberstajn, o resultado desfavorável para os trabalhadores é reflexo da situação econômica atual e tem duas causas.
A primeira é a inflação acumulada, que ainda está muito alta. "Uma empresa que se dispõe a repor a inflação tem que dar aumento de 9,6%, o que é muita coisa."
O segundo fator é que o país está em plena recessão, e os sinais de recuperação ainda não se mostraram, disse Zylberstajn, que é professor da Universidade de São Paulo (USP).
"Recessão e inflação alta tiram dos trabalhadores o poder de barganha.” Zylberstajn disse que a pesquisa usa o Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), referente a famílias com renda de até cinco salários mínimos (R$ 4.400), que ficou em 9,6%.
Os dados para o levantamento foram extraídos do Ministério do Trabalho e Emprego.
Do total de 597 negociações, 162 trataram de reajustes e 141, de pisos salariais. Dos acordos que pediam ajustes, 17 resultaram em redução de jornada acompanhada de diminuição de salários, sendo um pelo Programa de Proteção ao Emprego (PPE).
“Dois anos atrás, a gente viva quase o pleno emprego. Então, os trabalhadores conseguiram aumentos reais, acima da inflação. Hoje a situação é inversa. Quando vai se reverter essa situação? Quando a atividade econômica for retomada, o que vai demorar”, afirmou Zylberstajn.
De acordo com Zylberstajn, em tempos de recessão, o empregador que oferecer aumento aos funcionários não conseguirá repassá-lo aos preços de seus produtos e serviços, já que o mercado não tem condições de absorver aumentos.