Petróleo: commodity tem sido foco do debate no Brasil, seja com os leilões do pré-sal ou com os vazamentos nas praias do Nordeste (Daniel Acker/Bloomberg)
Reuters
Publicado em 12 de abril de 2020 às 15h45.
Última atualização em 12 de abril de 2020 às 16h59.
A Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep), Rússia e outros países produtores de petróleo concordaram neste domingo com um corte na produção em volume recorde, representando 10% da oferta global, para apoiar os preços do petróleo em meio à pandemia do coronavírus.
O grupo, conhecido como Opep+, acordou a redução da produção em 9,7 milhões de barris por dia (bpd) em maio e junho, depois de quatro dias de negociações e após a pressão do presidente dos EUA, Donald Trump, para impedir a queda de preços.
Duas fontes da Opep+ disseram à Reuters que o acordo foi fechado em uma videoconferência neste domingo. Posteriormente, ele foi confirmado em um comunicado do Ministério da Energia do Cazaquistão.
No maior corte na produção de petróleo de todos os tempos, os países continuarão diminuindo gradualmente os freios à produção por dois anos até abril de 2022.
Medidas para conter a disseminação do coronavírus destruíram a demanda por combustível e reduziram os preços do petróleo, pressionando os orçamentos dos produtores de petróleo e prejudicando a indústria de xisto dos Estados Unidos, que é mais vulnerável a preços baixos devido aos seus custos mais altos.
A Opep+ também disse que queria que produtores de fora do grupo, como Estados Unidos, Canadá, Brasil e Noruega, cortassem mais 5% da produção ou 5 milhões de bpd.
O ministro de Minas e Energia do Brasil, Bento Albuquerque, disse na sexta-feira que, por questões legais, o governo brasileiro não tem influência sobre o mercado de petróleo, sendo apenas responsável pelas políticas públicas do setor. Também afirmou que a Petrobras, que é controlada pela União, já reduziu sua produção em 200 mil bpd, o que representa 20% do total das exportações de petróleo do Brasil.
Canadá e Noruega sinalizaram disposição para cortar e os Estados Unidos, onde a legislação também dificulta a atuação em conjunto com cartéis como a Opep, disseram que sua produção cairia acentuadamente este ano devido aos baixos preços.
A assinatura do acordo da Opep+ foi adiada desde quinta-feira pela resistência do México aos cortes de produção que foi solicitado a fazer.
O presidente do México, Andres Manuel Lopez Obrador, afirmou na sexta-feira que Trump se oferecera para fazer cortes extras nos EUA em seu nome, uma oferta incomum de um Trump que há muito se opõe à Opep.
Trump, que havia ameaçado a Arábia Saudita com tarifas sobre o petróleo se o país não resolvesse o problema de excesso de oferta do mercado, disse que Washington ajudaria o México pegando "parte da folga" e sendo reembolsado mais tarde.
Neste domingo, o México afirmou que reduzirá sua produção de petróleo em 100.000 barris por dia a partir de maio.
A Opep+ havia pedido ao México que diminuísse a produção em 400.000 bpd.
O Ministério da Energia do Azerbaijão disse que os Estados Unidos compensarão o México cortando a produção em outros 300.000 bpd. O patamar representa 50.000 bpd a mais do que Lopez Obrador e Trump haviam concordado anteriormente.
Uma autoridade mexicana confirmou o anúncio do ministério azeri de que os Estados Unidos assumiriam a responsabilidade por 300.000 bpd em cortes para o México.