Economia

Acordo com FMI: qual será sua influência sobre os juros?

O acordo com o Fundo Monetário Internacional (FMI) deve derrubar o dólar para baixo da chamada barreira psicológica de 3 reais, forçar a regressão do risco-país para aquém dos 2 000 pontos e influenciar positivamente a Bolsa de Valores de São Paulo. Essas são as expectativas do mercado para esta quinta-feira (08/08). Entretanto, alguns analistas […]

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Da Redação

Publicado em 9 de outubro de 2008 às 10h35.

O acordo com o Fundo Monetário Internacional (FMI) deve derrubar o dólar para baixo da chamada barreira psicológica de 3 reais, forçar a regressão do risco-país para aquém dos 2 000 pontos e influenciar positivamente a Bolsa de Valores de São Paulo. Essas são as expectativas do mercado para esta quinta-feira (08/08). Entretanto, alguns analistas já começam a questionar algumas conseqüências futuras do acordo -- como sua influência na taxa básica de juros.

Tem sido comum a discussão -- principalmente por parte dos presidenciáveis Ciro Gomes e Luiz Inácio Lula da Silva -- de que a ajuda do FMI sairia com a contrapartida de um aperto na política monetária do país. É o que se costuma fazer: para resolver uma crise de balanço de pagamentos (o governo arrecada menos do que consegue de gastar para quitar a dívida pública), costuma-se praticar uma poçítica monetária e fiscal mais severa.

Entretanto, na avaliação dos analistas do Credit Suisse First Boston (CSFB) -- em relatório a respeito das expectativas com a próxima reunião do Comitê Político Monetário (Copom) --, a atual crise tem características atreladas a incertezas políticas. "Neste sentido, a elevação de juros tende a ser ineficiente para combater as causas geradoras da atual crise", afirma o CSFB. "Um aumento dos juros pode, inclusive, deteriorar a percepção de não sustentabilidade da dívida pública."

Mesmo que o Banco Central (BC) decidir pelo aumento da taxa, o CSFB não acredita que ele seja superior a 100 pontos base. Se o acordo com o FMI conseguir sustentar o otimismo do mercado por pelo menos uma semana, espera-se que o BC opte, na próxima reunião do Copom (20 e 21/08) pelo corte de juros em 50 pontos base (para 17,5%). Por outro lado, caso a volatilidade permaneça alta, O BC deverá optar pela manutenção dos juros no atual patamar de 18%.

O CSFB destaca, porém, que não acha adequado o corte de juros sob condições de extrema volatilidade do mercado. "Se isso acontecer", dizem os analistas, são grandes as chances do BC perder credibilidade, pois estaria pelo terceiro ano consecutivo correndo o risco de não cumprimento do limite superior de tolerância das metas de inflação."

Além disso, o CSFB afirma que o cenário político não pode deixar de ser levado em conta em uma análise sobre a taxa de juros. A elevação dos juros prejudica o ritmo da atividade econômica, a confiança nos diversos setores da economia e o nível de emprego. Um quadro que, evidentemente, não favorece a popularidade do atual governo -- e prejudicaria o desempenho do candidato oficial José Serra. "Isso não significa, por outro lado, que não seja correta a hipótese de que em meio a uma crise não se eleve a aversão da sociedade a mudanças políticas para uma nova equipe que, em tese, não tem traquejo para lidar com a crise", afirma o CSFB.

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