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Acelerada pela Nvidia, Google — e agora Amazon —, startup quer inovar no crédito para PMEs

Deep tech Avra foi uma das 80 selecionadas para o AWS Generative AI Accelerator, programa de aceleração da Amazon Web Services (AWS), para lidar com um dos maiores problemas da economia brasileira: o acesso ao crédito para pequenas e médias empresas

Viviane Meister e Bruno Alano: CEO e CTO da Avra querem democratizar o acesso a crédito no Brasil (Germano Luders/Divulgação)
Antonio Temóteo

Repórter especial de Macroeconomia

Publicado em 13 de setembro de 2024 às 17h55.

Última atualização em 13 de setembro de 2024 às 18h32.

Historicamente — e constantemente —, micro, pequenos e até médios empresários reclamam da dificuldade para conseguir crédito. A falta de garantias, de balanços auditáveis, de histórico de relacionamento com instituições financeiras e outras informações são os principais fatores apontados para a recusa na concessão de um financiamento para os empreendedores. Esse problema impede o desenvolvimento mais acelerado de diversos negócios e existe há pelo menos 54 anos.

“A concessão e a análise crédito é feita da mesma maneira no mundo desde 1970. Esse mercado é muito arcaico e blindado de inovação. Conceder crédito não é só dar o dinheiro. É entender o mercado. Estamos nesse negócio pelo impacto”, afirma Viviane Meister, fundadora e CEO da Avra, uma deep tech que construiu um modelo fundacional de inteligência artificial para avaliar economicamente cada pequeno negócio do país — o ChatGPT, por exemplo, é um modelo funcional.

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A executiva construiu uma carreira de mais de 10 anos no mercado de crédito, com passagens pela Moody's, IFC, HSBC, Santander e Itaú BBA. Nos últimos 4 anos, liderou diversos times na idwall, empresa de tecnologia especializada em segurança. Segundo ela, 99% das empresas ativas no país são pequenos negócios, que representam 30% do Produto Interno (PIB) e possuem gigantesca demanda por crédito.

Atualmente, 26 empresas testam o modelo fundacional da Avra, entre elas grandes bancos brasileiros. A partir desses testes, as empresas melhoraram em pelo menos 20% os resultados com redução de inadimplência, redução de risco, melhor precificação do valor dos produtos e serviços, além aumento de receita. “Temos percebido uma abertura grande no mercado para olhar IA como parte da solução de um problema que é o acesso ao crédito”, diz Viviane.

Com bons resultados em pouco tempo, a startup foi uma das 80 selecionadas para participar AWS Generative AI Accelerator. O programa da Amazon Web Services (AWS) é destinado a startups que estão na vanguarda da IA generativa, oferecendo suporte para acelerar o crescimento e a inovação tecnológica, além de um aporte de US$ 1 milhão. A empresa também participa de programas da Nvidia e da Google.

Dados são fonte da solução

Com esse modelo fundacional de inteligência artificial, a Avra constrói uma avaliação de risco de crédito personalizada e em constante atualização para cada negócio. Para isso são usados todos os tipos de dados existentes, desde o endereço da empresa, o tamanho do mercado potencial ao redor do local e da cidade, o número de consumidores, além de vídeos, fotos, áudios, textos, dados financeiros e afins. O modelo é totalmente diferente de um birô de crédito tradicional, que usa como base de dados o histórico de crédito passado para avaliar as empresas.

“Nesse modelo fundacional, nós analisamos todo o espectro de informações disponíveis para modelar o passado e o futuro. Criamos um modelo potencial para a empresa. Com base no tipo de negócio, na região e com as demais informações podemos projetar quanto a empresa vai crescer e faturar”, diz Bruno Alano, fundador e CTO da Avra.

O executivo começou a programar aos 7 anos e aos 15 recebeu uma bolsa para estudar tecnologia na Finlândia. Aos 16, foi um dos 100 pesquisadores convidados a ingressar no recém-formado OpenAI. À época, foi o pesquisador mais novo do mundo e único latino-americano a ingressar na OpenAI.

Inteligência artificial para resolver problemas

A Avra tem 11 empregados, entre cientistas e engenheiros de dados, desenvolvedores e executivos de produtos. Além disso, conta apoio de conselheiros técnicos, pesquisadores e acadêmicos para fomentar a pesquisa em inteligência artificial.

“Inteligência artificial é um caminho para resolver um problema grande. Nos vamos usar inteligência artificial para resolver um problema de milhões de empresa que não conseguem tomar crédito para financiar negócios e vender os produtos e serviços”, diz Meister

Em maio, a startup recebeu um aporte de US$ 2 milhões liderado pela MAYA Capital, a gestora de venture capital de Lara Lemann e Monica Saggioro. A captação também teve a participação da Norte Ventures, Sequoia Scout, e de André Street e Eduardo Pontes, os co-fundadores da Stone. Dorival Dourado, que foi COO da Serasa por 10 anos; Daniel Cassiano, diretor de AI e data na AB Inbev; e Doug Scherrer, o primeiro CFO do Nubank, também estão entre os investidores.

Os principais laboratórios de pesquisa em IA

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