Abiquim alerta para entrada de importados acabados
O consumo nacional de produtos da indústria química está caindo, ao mesmo tempo em que a substituição do importado aumenta
Da Redação
Publicado em 28 de novembro de 2012 às 16h15.
São Paulo - Após sofrer com o avanço dos químicos importados durante os últimos anos, a indústria química brasileira enfrenta, agora, novo desafio. Os números do setor indicam que um movimento de substituição do químico importado pelo produto nacional foi iniciado, mas a demanda interna em queda sinaliza que o Brasil seria alvo de maior entrada de produtos acabados.
A análise pode ser feita com base no levantamento mensal divulgado pela Associação Brasileira da Indústria Química (Abiquim). Os números de outubro apresentados nesta quarta-feira mostram que as vendas internas de químicos de uso industrial, voltados ao abastecimento de outras indústrias, cresceram 6,93% no acumulado de janeiro a outubro, na comparação com igual período do ano passado. O número, que deveria ser comemorado, é acompanhado por uma queda de 1,42% no consumo aparente nacional (CAN) no período. Ou seja, a indústria nacional tenta barrar as importações em um momento em que o consumo final apresenta retração.
"Há a preocupação de que esses números apontem a entrada de produtos acabados, o que evidenciaria a perda de competitividade da indústria nacional", afirma a diretora técnica de Economia e Estatística da Abiquim, Fátima Giovanna. O atual ambiente de incertezas se reflete na taxa de utilização do setor, que está em 82% em 2012, ante 81% do mesmo período de janeiro a outubro do ano passado.
A perda de competitividade da indústria química tem sido discutida por executivos do setor e representantes de diferentes níveis do governo federal. Os empresários já apresentaram uma lista de medidas consideradas prioritárias, incluindo a desoneração de PIS/Cofins para a compra de matérias-primas básicas, o estabelecimento de uma política específica para o gás natural utilizado como matéria-prima e o estímulo a novos investimentos. Além disso, estão na pauta do setor questões como infraestrutura e abastecimento energético.
Em outubro, os indicadores de produção e venda doméstica de químicos encolheram mais de 2% ante setembro, segundo a Abiquim. A queda na comparação mensal teve origem em um novo apagão, em outubro, que atingiu as regiões Nordeste, Norte e Centro-Oeste, além do Estado de Minas Gerais. "O apagão aconteceu por minutos, mas alguns segmentos intensivos foram altamente prejudicados devido à demora para os fornos serem religados", destaca Fátima, após lembrar que o custo de energia no Brasil é o dobro do dos Estados Unidos, por exemplo. No primeiro bimestre de 2011, outro apagão na Região Nordeste afetou a indústria nacional.
Dificuldades
Para a diretora da Abiquim, os números de 2012 reforçam a necessidade de medidas que garantam a retomada da competitividade da indústria química. "Estamos preocupados com o que poderá acontecer com a entrada em operação de novas unidades nos Estados Unidos", diz. O alerta está associado à redução dos custos de produtos químicos em território norte-americano após o avanço em novas fronteiras exploratórias. O mesmo ponto já foi abordado anteriormente em tom de preocupação pela presidente da Petrobras, Maria das Graças Foster.
A exploração do shale gas e consequente queda de preços do gás natural nos Estados Unidos tornou a produção petroquímica local mais competitiva, o que tem estimulado o anúncio de projetos com início de operações previsto a partir de 2014. Outro efeito do custo competitivo foi o avanço das exportações norte-americanas. Em 2011, o setor químico brasileiro acumulou déficit de US$ 26,5 bilhões, número 28,3% acima da marca de 2010. Para 2012, a previsão da Abiquim é de que o déficit alcance novo recorde, de aproximadamente US$ 28 bilhões.
Diante do preço competitivo das matérias-primas nos Estados Unidos, a maior preocupação da indústria química neste momento parece de fato estar associada ao custo dos insumos. Dados da Abiquim apontam que, em alguns casos, a matéria-prima responde por 70% do custo de produção de petroquímicos, casos do metanol (gás) e do eteno (nafta).
São Paulo - Após sofrer com o avanço dos químicos importados durante os últimos anos, a indústria química brasileira enfrenta, agora, novo desafio. Os números do setor indicam que um movimento de substituição do químico importado pelo produto nacional foi iniciado, mas a demanda interna em queda sinaliza que o Brasil seria alvo de maior entrada de produtos acabados.
A análise pode ser feita com base no levantamento mensal divulgado pela Associação Brasileira da Indústria Química (Abiquim). Os números de outubro apresentados nesta quarta-feira mostram que as vendas internas de químicos de uso industrial, voltados ao abastecimento de outras indústrias, cresceram 6,93% no acumulado de janeiro a outubro, na comparação com igual período do ano passado. O número, que deveria ser comemorado, é acompanhado por uma queda de 1,42% no consumo aparente nacional (CAN) no período. Ou seja, a indústria nacional tenta barrar as importações em um momento em que o consumo final apresenta retração.
"Há a preocupação de que esses números apontem a entrada de produtos acabados, o que evidenciaria a perda de competitividade da indústria nacional", afirma a diretora técnica de Economia e Estatística da Abiquim, Fátima Giovanna. O atual ambiente de incertezas se reflete na taxa de utilização do setor, que está em 82% em 2012, ante 81% do mesmo período de janeiro a outubro do ano passado.
A perda de competitividade da indústria química tem sido discutida por executivos do setor e representantes de diferentes níveis do governo federal. Os empresários já apresentaram uma lista de medidas consideradas prioritárias, incluindo a desoneração de PIS/Cofins para a compra de matérias-primas básicas, o estabelecimento de uma política específica para o gás natural utilizado como matéria-prima e o estímulo a novos investimentos. Além disso, estão na pauta do setor questões como infraestrutura e abastecimento energético.
Em outubro, os indicadores de produção e venda doméstica de químicos encolheram mais de 2% ante setembro, segundo a Abiquim. A queda na comparação mensal teve origem em um novo apagão, em outubro, que atingiu as regiões Nordeste, Norte e Centro-Oeste, além do Estado de Minas Gerais. "O apagão aconteceu por minutos, mas alguns segmentos intensivos foram altamente prejudicados devido à demora para os fornos serem religados", destaca Fátima, após lembrar que o custo de energia no Brasil é o dobro do dos Estados Unidos, por exemplo. No primeiro bimestre de 2011, outro apagão na Região Nordeste afetou a indústria nacional.
Dificuldades
Para a diretora da Abiquim, os números de 2012 reforçam a necessidade de medidas que garantam a retomada da competitividade da indústria química. "Estamos preocupados com o que poderá acontecer com a entrada em operação de novas unidades nos Estados Unidos", diz. O alerta está associado à redução dos custos de produtos químicos em território norte-americano após o avanço em novas fronteiras exploratórias. O mesmo ponto já foi abordado anteriormente em tom de preocupação pela presidente da Petrobras, Maria das Graças Foster.
A exploração do shale gas e consequente queda de preços do gás natural nos Estados Unidos tornou a produção petroquímica local mais competitiva, o que tem estimulado o anúncio de projetos com início de operações previsto a partir de 2014. Outro efeito do custo competitivo foi o avanço das exportações norte-americanas. Em 2011, o setor químico brasileiro acumulou déficit de US$ 26,5 bilhões, número 28,3% acima da marca de 2010. Para 2012, a previsão da Abiquim é de que o déficit alcance novo recorde, de aproximadamente US$ 28 bilhões.
Diante do preço competitivo das matérias-primas nos Estados Unidos, a maior preocupação da indústria química neste momento parece de fato estar associada ao custo dos insumos. Dados da Abiquim apontam que, em alguns casos, a matéria-prima responde por 70% do custo de produção de petroquímicos, casos do metanol (gás) e do eteno (nafta).