Economia

Abinee: novo câmbio chinês não alivia indústria brasileira

Presidente da Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica diz que balança comercial do setor continuará amplamente desfavorável em relação à China

Balança comercial do setor elétrico e eletrônico é negativa com a China (.)

Balança comercial do setor elétrico e eletrônico é negativa com a China (.)

DR

Da Redação

Publicado em 25 de junho de 2010 às 14h49.

São Paulo - A decisão do governo chinês de flexibilizar o câmbio não significará um alívio para a indústria brasileira, que sofre com a concorrência de produtos importados por causa do real valorizado. Na avaliação do presidente da Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica (Abinee), Humberto Barbato, a balança comercial do setor continuará amplamente desfavorável em relação à China.

Em 2009, o déficit comercial do setor foi US$ 7,63 bilhões. No primeiro trimestre deste ano, o saldo é negativo em US$ 2,50 bilhões. "Estamos criando empregos na China", diz Barbato. "Nós tínhamos quatro fábricas de lâmpadas. Três estão na China e apenas uma permanece no Brasil."

Comércio Brasil/China (US$ bilhões)20091º trimestre/2010
Exportações de produtos elétricos e eletrônicos0,1680,34
Importações de produtos elétricos e eletrônicos7,82,5
Saldo comercial-7,63-2,16
Fonte: Abinee | Elaboração: EXAME.com

 

O presidente da Abinee diz que as linhas de eletroportáteis vendidas no Brasil são todas produzidas na China. "Se você for procurar material elétrico de instalação para a sua casa, perceberá que é tudo chinês", afirma.

Embora reconheça que a mudança cambial "é um bom começo", o empresário não acredita numa grande valorização do iuane (nome em português da moeda chinesa, yuan). "O nosso departamento de economia calcula que a depreciação está em torno de 40%", diz Barbato.

A exemplo de muitos analistas, o presidente da Abinee estranha o anúncio das mudanças ter sido feito na semana da reunião do G-20, no Canadá. "Foi uma decisão oportunista para evitar pressão dos países desenvolvidos", afirma o empresário.

Ainda que o iuane ganhe valor nos próximos meses, Barbato aposta que o governo chinês não vai ficar de braços cruzados. Uma das alternativas para não perder competitividade no comércio exterior seria dar subsídios para os setores prejudicados. "Eles são peritos em subsídios à exportação", diz o presidente da Abinee.

Atualmente, a única vantagem que a indústria brasileira tem com o câmbio desvalorizado na China é a possibilidade de importar componentes eletrônicos a preços baixos. "Por outro lado, muitos fabricantes nacionais viraram importadores de produtos acabados. Vivemos um processo de desindustrialização", afirma Barbato.

Leia mais: Novo câmbio chinês é bem-vindo, mas não resolve tudo, diz The Economist

Acompanhe tudo sobre:Indústrias em geralAmérica LatinaÁsiaDados de BrasilCâmbioMoedasChinaIndústriasetor-eletroeletronicoIuane

Mais de Economia

Por que as fusões entre empresas são difíceis no setor aéreo? CEO responde

Petrobras inicia entregas de SAF com produção inédita no Brasil

Qual poltrona do avião dá mais lucro para a companhia aérea?

Balança comercial tem superávit de US$ 5,8 bi em novembro