Economia

A seis meses da saída, Brexit está cada dia mais incerto

Nesta terça-feira, Michael Barnier, negociador chefe da União Europeia, vai se reunir com os outros 27 ministros de Estados europeus

THERESA MAY: planos da primeira ministra britânica enfrentam grande criticismo dentro de seu próprio partido (Franco Origlia/Getty Images)

THERESA MAY: planos da primeira ministra britânica enfrentam grande criticismo dentro de seu próprio partido (Franco Origlia/Getty Images)

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Da Redação

Publicado em 18 de setembro de 2018 às 05h50.

Última atualização em 18 de setembro de 2018 às 07h12.

Faltando pouco mais de 6 meses para o prazo final do Brexit, no final de março do ano que vem, o plano do Reino Unido sobre o acordo é cada vez mais incerto. As negociações sobre o assunto devem tomar algum tipo de definição nesta terça-feira, quando Michael Barnier, o negociador chefe da União Europeia, se reunir com os outros 27 ministros de Estados europeus para discutir os avanços (ou a falta deles) durante uma reunião em Estrasburgo.

Ontem, a primeira ministra britânica, Theresa May, afirmou que a única alternativa é o plano conhecido como Chequers, que permitiria a circulação de bens e não obrigaria a necessidade de uma fronteira rígida junto à Irlanda do Norte. A fronteira entre Irlanda do Norte e República da Irlanda é a única fronteira física, de quase 500km, que restará entre o Reino Unido e um país membro da União Europeia.

O receio dos cidadãos de ambos os lados é que os planos britânicos estabeleçam uma fronteira dura, com controle rígidos para circulação de bens e pessoas. A fronteira entre as Irlandas é uma preocupação das autoridades na União Europeia, que exigem uma solução definitiva para a questão antes que as negociações sobre o Brexit possam caminhar. Para May ou aceita-se o plano Chequers ou é melhor deixar o bloco econômico sem plano algum.

A fronteira, que hoje é praticamente invisível, enfrentaria dois problemas com uma adoção do modelo de fiscalização de tráfego aduaneiro: o primeiro deles econômico, já que circulam pelo menos 3 bilhões de euros todos os anos nessa região e mais de 30.000 pessoas diariamente; o segundo é social e histórico, já que a região foi palco de fortes conflitos entre católicos e protestantes há algumas décadas.

O problema é que o plano de May enfrenta grande criticismo dentro de seu próprio partido, em que muitos membros conservadores são favoráveis ao Hard Brexit, uma saída brusca e dura da União Europeia. Em um texto publicado no jornal Telegraph, o ex-secretário de Relações Exteriores, Boris Johnson, acusa May de conduzir o Reino Unido a “uma batida de carro política espetacular”, falhando em tentar resolver a questão da fronteira. Para ele, o plano Chequers significa que os britânicos “devem permanecer efetivamente no bloco econômico até que Bruxelas diga outra coisa”.

A falta de opções e o fechamento do cerco sobre o governo de May têm levado a um aumento de vozes pedindo um segundo referendo — já que os projetos de saída são insatisfatórios. Sadiq Khan, prefeito de Londres, é um dos nomes que entoam o coro de uma nova consulta popular. A pressão crescente pode, no limite, custar o cargo a May. 

Por hora, a única opção da líder britânica é reiterar o compromisso: “nós estamos de saída no dia 29 de março”.

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