Bengt Holmstrom e Oliver Hart, vencedores do Prêmio Nobel (Scott Eisen/Getty Images)
João Pedro Caleiro
Publicado em 17 de dezembro de 2016 às 07h00.
Última atualização em 17 de dezembro de 2016 às 07h00.
São Paulo - De dentro ou de fora dos governos, os economistas continuaram pensando e mudando o mundo no ano que passou.
Veja 7 economistas que marcaram 2016 dentro e fora do Brasil:
Henrique Meirelles
Nomeado ministro da Fazenda pelo presidente Michel Temer em maio, Henrique Meirelles encara uma tarefa ainda mais difícil do que liderar o Banco Central entre 2003 e 2011.
Ninguém sabia como engendrar a recuperação da economia brasileira em meio a uma das piores crises da história.
Meirelles montou uma equipe elogiada, foi transparente com os números e focou esforços em apoio aos estados e mudanças fiscais duradouras.
Teve uma vitória importante com a recente aprovação da PEC do Teto de gastos e apresentou uma reforma da Previdência dura, mas os sinais de recuperação econômica ainda estão fracos.
Diante de boatos de “fritura”, anunciou na quinta-feira um pacote com medidas sem pompa e com foco no longo prazo, como é seu estilo.
Ilan Goldfajn
Ex-economista do Fundo Monetário Internacional (FMI) e economista-chefe do Itaú Unibanco desde 2009, Ilan assumiu a presidência do Banco Central em junho.
Sua meta declarada é levar a inflação para o centro da meta (4,5%) já no ano que vem após taxas de 10,67% em 2015 (a maior desde 2002) e previsão de 6,69% em 2016.
Seria um feito e tanto, ainda que resultado da conjunção entre recessão, desemprego e juros estratosféricos.
A queda da Selic tem sido lenta demais, dizem os críticos, mas Ilan já sinaliza que poderá ser mais agressivo a partir de janeiro.
Uma coisa é certa: falcão ou pomba, a sensação é que as decisões são feitas de forma técnica e não mais política - o que por si só já é um avanço.
Oliver Hart e Bengt Holmström
O Nobel de Economia em 2016 foi para uma dupla: o britânico Hart, de Harvard, e o finlandês Holmström, do Massachusetts Institute of Technology (MIT).
Ambos contribuíram para a teoria de contratos e de como montá-los de uma forma que sejam positivos para todas as partes envolvidas.
O trabalho de Hart fala, por exemplo, de quando instituições como prisões e escolas devem ou não ser privatizadas.
Já Holmstrom tem entre seus focos como balancear riscos e incentivos na hora de definir o pagamento de executivos.
Jin Liqun
Liqun se tornou em 2016 o primeiro presidente do Banco de Infraestrutura Asiático (AIIB), que tem o Brasil entre seus membros fundadores.
O órgão é liderado por uma China que pretende criar um novo sistema de financiamentos global sustentado por suas enormes reservas e sede de influência.
É um desafio direto ao status quo representado pelo Banco Mundial – por onde Liqun teve longas passagens ao longo de sua carreira.
Liqun conseguiu a adesão de parceiros como o Reino Unido ao AIIB mesmo com forte oposição americana e aparece na lista de “Pensadores Globais” da revista Foreign Policy.
Margrethe Vestager
Esta dinamarquesa de 48 anos fez carreira na política em seu país até ser nomeada, em 2014, como Comissária da União Europeia para assuntos relacionados a competição.
2016 foi o ano em que ela multou bancos por manipulação da taxa de câmbio e exigiu um pagamento de US$ 13 bilhões da Apple após uma longa investigação determinar que a empresa usou um regime tributário indevido.
Starbucks e Amazon também são alvos das iniciativas contra evasão no bloco; Irlanda e Holanda, por exemplo, estão na lista dos piores paraísos fiscais do mundo segundo a Oxfam.
"A Europa está aberta para negócios, se você quer fazer negócios, mas talvez não tão aberta se você quer vir para evitar impostos" disse em agosto para a Bloomberg TV.
Vestager entrou na lista da Bloomberg Business Week de 50 pessoas mais influentes de 2016 no mundo dos negócios e foi tema de um perfil no Financial Times em dezembro.
Yuliy Sannikov
Nascido na Ucrânia, Yuliy foi o vencedor de 2016 da John Bates Clark Medal. O prêmio é dado todo ano pela Associação Econômica Americana para um economista com menos de 40 anos.
A Bloomberg já calculou que os contemplados têm uma chance em três de eventualmente ganharem o Prêmio Nobel de Economia.
A inovação de Yuliy foi criar modelos matemáticos dinâmicos que permitem analisar rigorosamente o impacto intertemporal de contratos, seguros, intervenções financeiras e outras coisas.
Segundo a AEA, seu trabalho é “elegante, poderoso e pavimenta o caminho para análises subsequentes de vários problemas”.