62% dos trabalhadores do Brasil planejam 'semiaposentadoria'
Em pesquisa realizada pelo banco HSBC, 42% dos entrevistados que pretendem continuar trabalhando indicaram como motivo "manter mente e corpo ativos".
Da Redação
Publicado em 3 de maio de 2015 às 10h33.
São Paulo - A maioria dos brasileiros não planeja parar de trabalhar tão cedo. Ou porque não quer ou porque não pode. Uma pesquisa do banco HSBC , obtida com exclusividade pelo Broadcast, serviço em tempo real da Agência Estado, mostra que 62% dos trabalhadores no Brasil planejam uma "semiaposentadoria" antes de vestir o pijama. A média global é de 56%, segundo a pesquisa "O Futuro da Aposentadoria ", feita pelo HSBC em 15 países ou territórios.
Por "semiaposentadoria", o banco entende trabalhar menos horas ou iniciar uma atividade diferente da exercida até aquele momento. Ou seja, quando estaria na fase de parar de trabalhar, o semiaposentado continuaria no emprego que já tem - mas com atribuições compatíveis a uma carga horária menor - ou ingressaria em uma nova frente profissional, seja como empregado ou como empreendedor.
De acordo com a pesquisa, o trabalho em tempo parcial é uma escolha positiva para a maioria das pessoas. Em uma questão da pesquisa, os entrevistados tinham de indicar diferentes motivos que os levaram a optar pela semiaposentadoria. O item mais apontado (42%) foi "manter mente e corpo ativos". "Gosto de trabalhar" foi selecionado por 18% das pessoas. E "gosto da rotina de trabalho" recebeu 23% dos votos.
Para outros, mudar de vida antes de viver como aposentado é uma necessidade. Cerca de 14% dos aposentados selecionaram como motivo a necessidade de "complementar a diminuição de renda na aposentadoria". Outros 10% indicaram que "mudanças na política pública afetaram minha situação financeira".
Independentemente do motivo, planejar uma transição entre uma agitada vida profissional e a aposentadoria é absolutamente benéfico e necessário. "Pensar em projetos que contemplem o continuar trabalhando é bem interessante tanto do ponto de vista de incremento financeiro, quanto do ponto de objetivos, sonhos, produtividade", diz a sócia da consultoria Angatu IDH e mestre em gerontologia pela PUC-SP, Denise Mazzaferro. A especialista lembra que "viveremos muito mais do que muitos planejaram viver". "É sempre positivo apostar em um projeto de longo prazo", diz.
A mesma opinião tem o CEO de Seguros do HSBC, Alfredo Lalia. "O fato de as pessoas estarem mais propensas a continuar ativas, sendo a grande maioria motivada por fatores positivos, é um ponto interessante que a pesquisa mostrou", afirmou.
Diferença de gerações
Um ponto destacado no estudo pelo HSBC é a diferença de mentalidade entre as gerações. Entre os atuais aposentados, apenas 21% optaram por uma semiaposentadoria antes de parar totalmente. Entre os futuros aposentados, a conta é inversa. Somente 28% planejam alternar do trabalho em tempo integral para a folga total.
Outra evidência dessa diferença pode ser observada quando se divide a amostra em dois grupos por faixa etária. Entre os entrevistados com até 44 anos, 64% planejam reduzir a carga de trabalho e depois de algum tempo parar totalmente. Entre aqueles que têm mais de 45 anos, o porcentual é de 59%. Há também quem acredite que nunca vai poder curtir a vida e viver do que construiu ao longo de décadas de trabalho. Na média brasileira, 10% entendem que vão trabalhar até morrer. Nesse caso, as pessoas mais velhas são mais pessimistas do que as mais jovens. Cerca de 13% de quem tem 45 anos ou mais e apenas 8% entre os entrevistados de até 44 anos entendem que nunca poderão deixar de ter um trabalho remunerado.
Segundo a pesquisa, cerca de metade das pessoas em idade economicamente ativa (47%) que planeja uma transição gradual pretende permanecer no mesmo emprego, mas com uma jornada de trabalho menor. Uma parcela semelhante (42%) planeja mudar de carreira e reduzir a jornada de trabalho. Uma parcela ainda menor (11%) pensa em mudar de emprego, mas mantendo a mesma jornada de trabalho.
Para quem pensa em montar um negócio próprio depois de uma vida como funcionário, a sócia da Angatu IDH faz um alerta. "(Empreender) não é tão fácil para um profissional, por exemplo, que foi a vida inteira executivo de carreira (teve secretária, sala, office boy, etc)", diz a especialista. Ela argumenta que, assim como os trabalhadores de hoje terão de se reinventar para a aposentadoria de amanhã, o mercado de trabalho também terá de passar por uma transformação. "Quem sabe no futuro existirão programas como os de trainee que valorizarão pessoas com experiência e muito valor?", questiona.
Muitos aposentados atingiram algumas de suas expectativas para a aposentadoria: cerca de metade pode passar mais tempo com a família e os amigos (51%), viajar muito (47%) e praticar mais esportes (46%). Entretanto, atingir as expectativas para a aposentadoria tem sido mais difícil para alguns. Cerca de três quartos dos aposentados (73%) afirmam que ainda não realizaram ao menos uma de suas expectativas ou sonhos para a aposentadoria. As expectativas não atingidas incluem morar fora do país (22%) e viajar muito (15%).
O Futuro da Aposentadoria é um estudo de pesquisa independente encomendado pelo HSBC. O levantamento desse ano é 11º da série e representa os pontos de vista de mais de 16.000 pessoas em 15 países e territórios em todo o mundo. Além do Brasil, participaram trabalhadores da Austrália, Canadá, França, Hong Kong, Índia, Indonésia, Malásia, México, Cingapura, Taiwan, Turquia, Emirados Árabes Unidos, Reino Unido, Estados Unidos.
São Paulo - A maioria dos brasileiros não planeja parar de trabalhar tão cedo. Ou porque não quer ou porque não pode. Uma pesquisa do banco HSBC , obtida com exclusividade pelo Broadcast, serviço em tempo real da Agência Estado, mostra que 62% dos trabalhadores no Brasil planejam uma "semiaposentadoria" antes de vestir o pijama. A média global é de 56%, segundo a pesquisa "O Futuro da Aposentadoria ", feita pelo HSBC em 15 países ou territórios.
Por "semiaposentadoria", o banco entende trabalhar menos horas ou iniciar uma atividade diferente da exercida até aquele momento. Ou seja, quando estaria na fase de parar de trabalhar, o semiaposentado continuaria no emprego que já tem - mas com atribuições compatíveis a uma carga horária menor - ou ingressaria em uma nova frente profissional, seja como empregado ou como empreendedor.
De acordo com a pesquisa, o trabalho em tempo parcial é uma escolha positiva para a maioria das pessoas. Em uma questão da pesquisa, os entrevistados tinham de indicar diferentes motivos que os levaram a optar pela semiaposentadoria. O item mais apontado (42%) foi "manter mente e corpo ativos". "Gosto de trabalhar" foi selecionado por 18% das pessoas. E "gosto da rotina de trabalho" recebeu 23% dos votos.
Para outros, mudar de vida antes de viver como aposentado é uma necessidade. Cerca de 14% dos aposentados selecionaram como motivo a necessidade de "complementar a diminuição de renda na aposentadoria". Outros 10% indicaram que "mudanças na política pública afetaram minha situação financeira".
Independentemente do motivo, planejar uma transição entre uma agitada vida profissional e a aposentadoria é absolutamente benéfico e necessário. "Pensar em projetos que contemplem o continuar trabalhando é bem interessante tanto do ponto de vista de incremento financeiro, quanto do ponto de objetivos, sonhos, produtividade", diz a sócia da consultoria Angatu IDH e mestre em gerontologia pela PUC-SP, Denise Mazzaferro. A especialista lembra que "viveremos muito mais do que muitos planejaram viver". "É sempre positivo apostar em um projeto de longo prazo", diz.
A mesma opinião tem o CEO de Seguros do HSBC, Alfredo Lalia. "O fato de as pessoas estarem mais propensas a continuar ativas, sendo a grande maioria motivada por fatores positivos, é um ponto interessante que a pesquisa mostrou", afirmou.
Diferença de gerações
Um ponto destacado no estudo pelo HSBC é a diferença de mentalidade entre as gerações. Entre os atuais aposentados, apenas 21% optaram por uma semiaposentadoria antes de parar totalmente. Entre os futuros aposentados, a conta é inversa. Somente 28% planejam alternar do trabalho em tempo integral para a folga total.
Outra evidência dessa diferença pode ser observada quando se divide a amostra em dois grupos por faixa etária. Entre os entrevistados com até 44 anos, 64% planejam reduzir a carga de trabalho e depois de algum tempo parar totalmente. Entre aqueles que têm mais de 45 anos, o porcentual é de 59%. Há também quem acredite que nunca vai poder curtir a vida e viver do que construiu ao longo de décadas de trabalho. Na média brasileira, 10% entendem que vão trabalhar até morrer. Nesse caso, as pessoas mais velhas são mais pessimistas do que as mais jovens. Cerca de 13% de quem tem 45 anos ou mais e apenas 8% entre os entrevistados de até 44 anos entendem que nunca poderão deixar de ter um trabalho remunerado.
Segundo a pesquisa, cerca de metade das pessoas em idade economicamente ativa (47%) que planeja uma transição gradual pretende permanecer no mesmo emprego, mas com uma jornada de trabalho menor. Uma parcela semelhante (42%) planeja mudar de carreira e reduzir a jornada de trabalho. Uma parcela ainda menor (11%) pensa em mudar de emprego, mas mantendo a mesma jornada de trabalho.
Para quem pensa em montar um negócio próprio depois de uma vida como funcionário, a sócia da Angatu IDH faz um alerta. "(Empreender) não é tão fácil para um profissional, por exemplo, que foi a vida inteira executivo de carreira (teve secretária, sala, office boy, etc)", diz a especialista. Ela argumenta que, assim como os trabalhadores de hoje terão de se reinventar para a aposentadoria de amanhã, o mercado de trabalho também terá de passar por uma transformação. "Quem sabe no futuro existirão programas como os de trainee que valorizarão pessoas com experiência e muito valor?", questiona.
Muitos aposentados atingiram algumas de suas expectativas para a aposentadoria: cerca de metade pode passar mais tempo com a família e os amigos (51%), viajar muito (47%) e praticar mais esportes (46%). Entretanto, atingir as expectativas para a aposentadoria tem sido mais difícil para alguns. Cerca de três quartos dos aposentados (73%) afirmam que ainda não realizaram ao menos uma de suas expectativas ou sonhos para a aposentadoria. As expectativas não atingidas incluem morar fora do país (22%) e viajar muito (15%).
O Futuro da Aposentadoria é um estudo de pesquisa independente encomendado pelo HSBC. O levantamento desse ano é 11º da série e representa os pontos de vista de mais de 16.000 pessoas em 15 países e territórios em todo o mundo. Além do Brasil, participaram trabalhadores da Austrália, Canadá, França, Hong Kong, Índia, Indonésia, Malásia, México, Cingapura, Taiwan, Turquia, Emirados Árabes Unidos, Reino Unido, Estados Unidos.