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4 vencedores improváveis da crise entre Rússia e Ocidente

Do Brasil à Bielorrússia, grupos estão prontos para se beneficiar da guerra de sanções deflagrada pela crise na Ucrânia

Operário manipula carne em um frigorífico da Marfrig em Promissão, São Paulo (Paulo Whitaker/Reuters/Reuters)

João Pedro Caleiro

Publicado em 23 de agosto de 2014 às 07h00.

São Paulo - Há cerca de duas semanas, a Rússia decidiu responder às sanções do Ocidente com atitudes próprias.

A principal delas é um banimento da importações de alimentos de Estados Unidos , Europa, Austrália e Canadá por um ano.

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Os efeitos geopolíticos ainda devem continuar repercutindo por muito tempo, e isso sem falar no destino da briga entre rebeldes e ucranianos, que não tem perspectiva de solução rápida.

Por enquanto, o que já dá para saber é que alguns grupos estão prontos para se beneficiar indiretamente da briga. Veja 4 exemplos:

1. Produtores de alimentos no Brasil e na Turquia

Na esteira do anúncio, as autoridades da Rússia praticamente triplicaram o número de unidades brasileiras autorizadas para o comércio de carne - que já batia recordes mesmo antes do embargo.

Só a venda extra de frango pode significar um acréscimo de US$ 300 milhões na balança comercial brasileira.

Empresas como Friboi e JBS sentiram o impacto positivo na bolsa, o que também ocorreu com empresas da Turquia, outra grande exportadora, e do próprio agronegócio russo.

2. Queijos suíços

Com sua tradição de neutralidade, a Suíça aderiu apenas parcialmente às sanções europeias contra a Rússia - na parte financeira e armamentista, sim, mas não no resto. Com isso, o país acabou ficando de fora da lista negra de Vladimir Putin.

O resultado é que os produtores do famoso queijo suíço estão sendo inundados por pedidos de comerciantes russos preocupados em substituir os produtos do resto da Europa proibidos.

O difícil vai ser turbinar a produção no curto prazo e avaliar até que ponto o país vai conseguir sair ileso do cabo de guerra diplomático entre os dois grandes poderes.

3. Escolas, hospitais e prisões europeus

Como a Rússia comprava 10% do volume de exportação agrícola da União Europeia, a proibição de importação vai inundar o mercado local, causando uma derrubada de preços que pode contribuir para a já preocupante deflação no continente.

Quem já larga prejudicado são os produtores. A UE tem um plano de ajuda para tirar o excesso de oferta do mercado, mas o preço cheio só é pago se os produtos forem doados.

Isso significa que escolas, hospitais e prisões europeias devem começar a receber um fluxo maior de todos os tipos de fruta do continente, em especial pêssegos e nectarinas.

4. Repúblicas ex-soviéticas

A União Econômica da Eurásia, uma espécie de proto-UE, foi oficializada este ano com a participação de Rússia, Bielorússia e Cazaquistão. Armênia e Quirguistão estão entre os que podem aderir em breve ao projeto, caro a Vladimir Putin.

Estes países ficaram de fora das sanções dos dois lados, o que significa que estão numa posição estratégica para abastecer o mercado russo. A Bielorússia, por exemplo, já é o quarto maior exportador de queijo do mundo.

Por outro lado, não precisam se preocupar com o abastecimento do seu próprio mercado e podem também vir a servir, eventualmente, como canal clandestino para que os produtos europeus continuem fluindo para a Rússia.

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