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2º mandato de Dilma será oposto ao 1º, avalia Eurasia

Leitura de diretor para mercados emergentes é de que segundo governo de Dilma terá preocupação maior com repercussões políticas de um cenário econômico ruim

Dilma: especialista afirmou que haverá espaço para alguns ajustes, mas que deverão ser "gradualistas" (REUTERS/Ueslei Marcelino)
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Da Redação

Publicado em 27 de outubro de 2014 às 15h53.

São Paulo - O segundo mandato da presidente Dilma Rousseff deve ser o oposto do primeiro, avaliou o cientista político Christopher Garman, diretor do Eurasia Group para mercados emergentes, durante teleconferência com a imprensa e clientes para avaliar o cenário pós-eleições.

A leitura feita por ele é de que o segundo governo da petista terá uma preocupação maior em relação às repercussões políticas de um cenário econômico ruim.

Ele avaliou que, caso as dificuldades na economia persistam, a taxa de aprovação da presidente deve cair em 2015 e 2016.

O especialista afirmou que, diante dessa preocupação, haverá espaço para alguns ajustes, mas que deverão ser "gradualistas", como um possível reajuste dos preços administrados.

"Um choque imediato poderia provar um custo político elevado", ponderou.

O cientista político citou que, no caso da inflação, essa preocupação o faz acreditar que o Banco Central terá autonomia operacional para tentar controlar a alta dos preços, mesmo com a presidente tendo dado sinais de que não concorda totalmente com esse discurso de autonomia.

Garman avaliou ainda que a petista "fará esforços" para assegurar garantias no marco regulatório de vários setores, como petróleo e gás, infraestrutura e logística e telecomunicações.

"O atual governo reconhece que é preciso atrair investimentos privados", afirmou, ponderando, no entanto, que o ambiente macroeconômico poderá interferir nas decisões do ambiente regulatório.

Segundo ele, o setor elétrico deverá ser o que vai enfrentar a situação mais adversa, em razão das dificuldades pelas quais vem passando.

Classe média

Ainda de acordo com Garman, o principal desafio de Dilma no segundo mandato será lidar com as demandas da classe média por melhores serviços públicos, como saúde, segurança e educação, sem acarretar mais gastos do governo.

Ele previu que vai ser difícil conciliar essa demanda com um cenário internacional ruim e o doméstico em recessão técnica.

O especialista afirmou que essa demanda deverá ter reflexo na política econômica a ser adotada por Dilma e disse ver uma disposição do governo em implantar alguns ajustes no segundo mandato.

No caso da inflação, ele avalia que há uma "preocupação política" com a alta dos preços fora do controle, o que vai refletir no desejo de, "no mínimo, manter a inflação ancorada ou pelo menos próxima do teto da meta (atualmente em 6,5%)".

"Acho que o PT e a campanha de Dilma reconheceram que a inflação foi um passivo eleitoral ruim", afirmou.

Garman afirmou que também vê no governo um desejo de alavancar os investimentos privados.

Ele disse enxergar que a presidente vai "dobrar a porta" na concessão de logística no segundo mandato.

Segundo ele, o governo deve fazer uma revisão na política regulatória de petróleo e gás, para priorizar o ritmo de produção maior.

"Na medida em que o Brasil sofre com fraco crescimento, a política econômica tende a ir numa direção mais amigável", afirmou.

Ele ponderou, contudo, que todos os ajustes necessários deverão ser anunciados gradualmente ao longo do tempo.

A má notícia, apontou, será que esse movimento de reformas tende a ser modesto a ponto de ser insuficiente para gerar credibilidade na economia brasileira .

Isso porque, de acordo com o cientista político, além de o espaço para ajustes não ser tão grande diante dos cenários interno e externo difíceis, a presidente Dilma subestima o fato de que, sem choque, é difícil fazer um ajuste gradual.

"Dificilmente a escolha da nova equipe promoverá um grande choque de credibilidade", acrescentou.

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São Paulo - O segundo mandato da presidente Dilma Rousseff deve ser o oposto do primeiro, avaliou o cientista político Christopher Garman, diretor do Eurasia Group para mercados emergentes, durante teleconferência com a imprensa e clientes para avaliar o cenário pós-eleições.

A leitura feita por ele é de que o segundo governo da petista terá uma preocupação maior em relação às repercussões políticas de um cenário econômico ruim.

Ele avaliou que, caso as dificuldades na economia persistam, a taxa de aprovação da presidente deve cair em 2015 e 2016.

O especialista afirmou que, diante dessa preocupação, haverá espaço para alguns ajustes, mas que deverão ser "gradualistas", como um possível reajuste dos preços administrados.

"Um choque imediato poderia provar um custo político elevado", ponderou.

O cientista político citou que, no caso da inflação, essa preocupação o faz acreditar que o Banco Central terá autonomia operacional para tentar controlar a alta dos preços, mesmo com a presidente tendo dado sinais de que não concorda totalmente com esse discurso de autonomia.

Garman avaliou ainda que a petista "fará esforços" para assegurar garantias no marco regulatório de vários setores, como petróleo e gás, infraestrutura e logística e telecomunicações.

"O atual governo reconhece que é preciso atrair investimentos privados", afirmou, ponderando, no entanto, que o ambiente macroeconômico poderá interferir nas decisões do ambiente regulatório.

Segundo ele, o setor elétrico deverá ser o que vai enfrentar a situação mais adversa, em razão das dificuldades pelas quais vem passando.

Classe média

Ainda de acordo com Garman, o principal desafio de Dilma no segundo mandato será lidar com as demandas da classe média por melhores serviços públicos, como saúde, segurança e educação, sem acarretar mais gastos do governo.

Ele previu que vai ser difícil conciliar essa demanda com um cenário internacional ruim e o doméstico em recessão técnica.

O especialista afirmou que essa demanda deverá ter reflexo na política econômica a ser adotada por Dilma e disse ver uma disposição do governo em implantar alguns ajustes no segundo mandato.

No caso da inflação, ele avalia que há uma "preocupação política" com a alta dos preços fora do controle, o que vai refletir no desejo de, "no mínimo, manter a inflação ancorada ou pelo menos próxima do teto da meta (atualmente em 6,5%)".

"Acho que o PT e a campanha de Dilma reconheceram que a inflação foi um passivo eleitoral ruim", afirmou.

Garman afirmou que também vê no governo um desejo de alavancar os investimentos privados.

Ele disse enxergar que a presidente vai "dobrar a porta" na concessão de logística no segundo mandato.

Segundo ele, o governo deve fazer uma revisão na política regulatória de petróleo e gás, para priorizar o ritmo de produção maior.

"Na medida em que o Brasil sofre com fraco crescimento, a política econômica tende a ir numa direção mais amigável", afirmou.

Ele ponderou, contudo, que todos os ajustes necessários deverão ser anunciados gradualmente ao longo do tempo.

A má notícia, apontou, será que esse movimento de reformas tende a ser modesto a ponto de ser insuficiente para gerar credibilidade na economia brasileira .

Isso porque, de acordo com o cientista político, além de o espaço para ajustes não ser tão grande diante dos cenários interno e externo difíceis, a presidente Dilma subestima o fato de que, sem choque, é difícil fazer um ajuste gradual.

"Dificilmente a escolha da nova equipe promoverá um grande choque de credibilidade", acrescentou.

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