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Retomada? Para corretora, 2017 vai continuar com PIB negativo

O túnel no fim da luz: ociosidade, desemprego e cortes adiaram a retomada para 2018, de acordo com relatório da Gradual Investimentos

Fábrica: ociosidade da indústria ainda preocupa (Miriam Fichtner/Pluf Fotos/Site Exame)

João Pedro Caleiro

Publicado em 31 de março de 2017 às 12h02.

Última atualização em 31 de março de 2017 às 12h34.

São Paulo - 2017 será o terceiro ano seguido de PIB (Produto Interno Bruto) negativo, de acordo com a Gradual Investimentos.

Em relatório divulgado ontem, a corretora revisou de 0,12% para -0,22% a sua previsão de crescimento para o ano.

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Entre os dados negativos citados estão a queda de 0,69% do comércio varejista em janeiro e de 0,12% na indústria.

No último Boletim Focus, divulgado na segunda-feira, a previsão do mercado caiu ligeiramente de 0,48% para 0,47%.

Desde então, o governo anunciou um bloqueio de R$ 42 bilhões no Orçamento, inclusive com corte de investimentos, e o fim da desoneração da folha de pagamentos, que gerou protestos na indústria.

"O conjunto do ajuste vai ter um caráter contracionista", diz André Perfeito, economista-chefe da Gradual, que aposta que mais aumentos de impostos podem ser anunciados.

Outro problema é que o PIB caiu tanto em 2016 que isso gera um peso adicional nos números de 2017, o chamado carrego estatístico.

Na conta da Gradual, se não não crescermos nada em termos reais ao longo deste ano isso significa que o PIB cairia 1,08% no balanço do ano.

O efeito dos saques do FGTS na economia não será expressivo porque apenas 9,6% do valor sacado vai para novo consumo e a maioria (41,2%) será para quitar dívidas, segundo pesquisa do Ibre/FGV.

"Claro que um consumidor com o nome limpo na praça é um ativo importante – interessante notar que os mais pobres são os mais preocupados em quitar logo suas dívidas – mas isso implica dizer que o efeito, nesse ano pelo menos, será modesto", diz o relatório da Gradual.

Duas notícias divulgadas hoje dão mais motivos para pessimismo. Uma foi o Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br), considerado uma prévia do PIB e que caiu 0,26% em janeiro em relação a dezembro, em dado dessazonalizado, mais do que o dobro do esperado por economistas.

A outra foi o aumento da taxa de desemprego de 12,6% para 13,2% do fim de 2016 para cá. O país tem mais de 13,5 milhões de desocupados.

"Estamos falando de uma massa do tamanho de São Paulo desempregada e isso tem efeitos bastante claros em termos de demanda. O investimento não vem por causa de juro baixo, o empresário investe porque acha que vai vender. Além disso, a ociosidade está gigante ", diz Perfeito, citando dados da CNI (Confederação Nacional da Indústria).

Outros analistas são mais otimistas: o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) divulgou ontem estimativa de crescimento de 0,7%.

Nesta manhã, o banco americano Goldman Sachs reconheceu as dificuldades na renda e no emprego mas disse que a melhora em índices de confiança e de condições financeiras indicam o começo do fim da crise:

"A recessão foi inquestionavelmente longa, profunda e ampla, mas crescem os sinais de que a economia está prestes a alcançar um ponto de inflexão", diz a nota assinada pelo economista Alberto Ramos.

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