Ciência

Vale tudo? Startup vai vender o DNA de professor de Harvard por NFT

Código genético de George Church, famoso geneticista americano, será colocado a venda em leilão. Mercado de NFTs já movimenta centenas de milhões de dólares no mundo

DNA: o novo "produto" a ser comercializado por NFT (Getty Images/Getty Images)

DNA: o novo "produto" a ser comercializado por NFT (Getty Images/Getty Images)

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Rodrigo Loureiro

Publicado em 23 de abril de 2021 às 14h24.

Última atualização em 23 de abril de 2021 às 15h07.

Aparentemente é possível comercializar qualquer coisa por NFT. Até mesmo os códigos genéticos completos de uma pessoa. Fundada nos Estados Unidos, a startup Nebula Genomics está comercializando pela primeira vez na história o DNA completo de um ser humano pela internet utilizando os tokens que se tornaram a febre do momento. E, ironicamente, para provar que seus dados genéticos estarão protegidos contra a venda.

É preciso explicar: NFT é a sigla em inglês para Token Não-Fungível. Com uma explicação bastante leiga, trata-se de um certificado digital estabelecido por meio da tecnologia de blockchain que quando atrelado a qualquer item digital faz dele um item único e impossível de ser copiado ou redistribuído sem a autorização de seu proprietário.

Fundada por George Church, um conhecido (e polêmico) geneticista americano, a empresa trabalha com sequenciamento genético e irá vender o próprio código genético de especialista em leilão. “O NFT não foi ideia minha, mas espero que seja uma boa ideia”, disse Church ao The Scientist.

Além de uma jogada de marketing, a ideia parece se tratar de uma possível forma de levantar capital para o negócio. “O DNA dele carrega um grande significado histórico para o campo da genômica pessoal, pois foi usado em incontáveis ​​estudos e artigos e representa um momento crucial na ciência e na história humana”, informa o site da empresa.

Professor da Universidade de Harvard, nos Estados Unidos, Church ganhou fama por opiniões polêmicas. Ele é favor de utilizar genes capturados de mamutes que viveram na pré-história para recriá-los novamente e defende técnicas de sequenciamento genético para o aprimoramento dos seres humanos.

Ainda não há um preço mínimo estipulado pelo DNA do geneticista. Para efeito de previsão, mais de 114.000 obras de arte criptografadas foram vendidas com um valor total de até 320 milhões de dólares. Uma delas é um trabalho artístico composto por mais de 5.000 artes produzidas uma a cada dia desde 1º de maio de 2007. Chamada de Everydays: The First 5000 Day, a obra foi vendida por 69,3 milhões de dólares.

 

Mas por que vender? Para provar que ninguém mais poderá fazer isso. Isso é o que acredita Kamal Obbad, cofundador da Nebula Genomics. “Historicamente, os problemas de privacidade têm atormentado a indústria de genômica do consumidor”, afirmou. Indústrias farmacêuticas teriam interesse nessas informações.

Segundo ele, muitos clientes não realizam um teste genético por estarem com medo de que seus dados, cedidos para as empresas do segmento, estarão livres para serem distribuídos ilegalmente já que não contam com nenhuma proteção. A ideia da Nebula é oferecer serviços genéticos mais seguros do ponto de vista da privacidade.

Obbad espera que os dados genéticos se tornem itens recorrentes do mercado de NFTs e já até prevê que um DNA pode ser mais caro do que outro, caso ele contenha uma doença rara, por exemplo.

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