Ciência

Vacina de Oxford da covid-19 pode ter resultados divulgados no mês que vem

Primeiros testes da vacina devem ser enviados para a Anvisa até dezembro, enquanto o processo de aprovação pode se estender até fevereiro de 2021

AstraZeneca: empresa divulgará resultados no final deste ano (Stefan Wermuth/Reuters)

AstraZeneca: empresa divulgará resultados no final deste ano (Stefan Wermuth/Reuters)

Tamires Vitorio

Tamires Vitorio

Publicado em 5 de novembro de 2020 às 08h40.

Última atualização em 5 de novembro de 2020 às 08h41.

A farmacêutica anglo-sueca AstraZeneca, que está desenvolvendo uma vacina contra o novo coronavírus em parceria com a universidade britânica de Oxford afirmou nesta quinta-feira, 5, que deve divulgar os resultados sobre a segurança da imunização já no final deste ano.

"Os resultados da última fase de testes serão antecipados mais tarde neste ano, dependendo das taxas de infecção nas comunidades nas quais os testes clínicos estão sendo conduzidos. Os dados serão submetidos para órgãos regulatórios e estudos revisados por pares serão publicados em jornais científicos", afirmou a companhia.

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Nesta quinta também foram divulgados os resultados financeiros da empresa, que, excluindo os pagamentos de colaborações, aumentou as vendas em 7% para 6,25 bilhões de dólares no trimestre que acabou em setembro.

A vacina de Oxford é uma das mais avançadas do mundo e é tida como uma das mais promissoras na corrida contra a covid-19. No Brasil, até o momento, aproximadamente 8.000 voluntários já tomaram as duas doses da proteção e outros 2.000 devem tomá-la até o final das pesquisas.

O calendário de Oxford

Segundo a emissora Globo, os primeiros testes da vacina devem ser enviados para a Anvisa até dezembro deste ano, enquanto o processo de aprovação pode se estender até fevereiro de 2021. As primeiras doses, portanto, devem ser liberadas em março de 2021.

Como estamos?

Das 47 em fases de testes, apenas 10 estão na fase 3, a última antes de uma possível aprovação. São elas a chinesa da Sinovac Biotech, a também chinesa da Sinopharm, a britânica de Oxford em parceria com a AstraZeneca, a americana da Moderna, da Pfizer e BioNTech, a russa do Instituto Gamaleya, a chinesa CanSino, a americana Janssen Pharmaceutical Companies e a também americana Novavax.

Quem terá prioridade para tomar a vacina?

Nenhuma vacina contra a covid-19 foi aprovada ainda, mas os países estão correndo para entender melhor qual será a ordem de prioridade para a população uma vez que a proteção chegar ao mercado. Um grupo de especialistas nos Estados Unidos, por exemplo, divulgou em setembro uma lista de recomendações que podem dar uma luz a como deve acontecer a campanha de vacinação.

Segundo o relatório dos especialistas americanos (ainda em rascunho), na primeira fase deverão ser vacinados profissionais de alto risco na área da saúde, socorristas, depois pessoas de todas as idades com problemas prévios de saúde e condições que as coloquem em alto risco e idosos que morem em locais lotados.

Na segunda fase, a vacinação deve ocorrer em trabalhadores essenciais com alto risco de exposição à doença, professores e demais profissionais da área de educação, pessoas com doenças prévias de risco médio, adultos mais velhos não inclusos na primeira fase, pessoas em situação de rua que passam as noites em abrigos, indivíduos em prisões e profissionais que atuam nas áreas.

A terceira fase deve ter como foco jovens, crianças e trabalhadores essenciais que não foram incluídos nas duas primeiras. É somente na quarta e última fase que toda a população será vacinada.

Quão eficaz uma vacina precisa ser?

Segundo uma pesquisa publicada no jornal científico American Journal of Preventive Medicine uma vacina precisa ter 80% de eficácia para colocar um ponto final à pandemia. Para evitar que outras aconteçam, a prevenção precisa ser 70% eficaz.

Uma vacina com uma taxa de eficácia menor, de 60% a 80% pode, inclusive, reduzir a necessidade por outras medidas para evitar a transmissão do vírus, como o distanciamento social. Mas não é tão simples assim.

Isso porque a eficácia de uma vacina é diretamente proporcional à quantidade de pessoas que a tomam, ou seja, se 75% da população for vacinada, a proteção precisa ser 70% capaz de prevenir uma infecção para evitar futuras pandemias e 80% eficaz para acabar com o surto de uma doença.

As perspectivas mudam se apenas 60% das pessoas receberem a vacinação, e a eficácia precisa ser de 100% para conseguir acabar com uma pandemia que já estiver acontecendo — como a da covid-19.

Isso indica que a vida pode não voltar ao “normal” assim que, finalmente, uma vacina passar por todas as fases de testes clínicos e for aprovada e pode demorar até que 75% da população mundial esteja vacinada.

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