Vacinas contra a covid-19: quais são, eficácia, efeitos e calendário
Guia te ajuda a entender melhor como funcionam as vacinas contra a covid-19. Meta do Ministério da Saúde é imunizar todos os adultos até o fim do ano
Gilson Garrett Jr
Publicado em 16 de junho de 2021 às 17h15.
Última atualização em 20 de agosto de 2021 às 12h49.
Assim que a Organização Mundial da Saúde (OMS) classificou o novo coronavírus como uma pandemia, uma grande corrida por uma vacina contra a covid-19 começou. Vários países, laboratórios e cientistas em todo o planeta dedicaram esforços para criar um imunizante capaz de proporcionar uma proteção eficaz e segura.
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De acordo com dados da OMS, há 287 vacinas em alguma fase de desenvolvimento em todo o mundo. Deste total, oito estão aprovadas para uso global, e há outras 12 que estão sendo usadas de forma local, e aguardam a aprovação da OMS.
No Brasil, quatro laboratórios já conseguiram o registro — definitivo ou emergencial — junto à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa): AstraZeneca/Fiocruz, Sinovac/Butantan, Pfizer e Janssen. Outras duas, a indiana Covaxin e a russa Sputnik V, foram autorizadas para uso emergencial de forma controlada.
Como funcionam as vacinas disponíveis no Brasil?
Todas as vacinas visam ajudar o organismo a desenvolver anticorpos contra o vírus, como explica Katherine O’Brien, diretora do Departamento de Imunização, Vacinas e Produtos Biológicos da OMS. “Há duas grandes categorias de abordagem para fazer isso. A primeira é colocar na vacina parte da proteína do vírus ou a própria proteína. A segunda é dar instruções ao organismo sobre o modo de fabricar o anticorpo. É uma nova estratégia e que podemos desenvolver vacinas rapidamente”, explica.
Pfizer/BioNTech
A vacina do laboratório Pfizer/BioNTech usa a nova tecnologia indicada pela epidemiologista da OMS, chamada de genética do RNA mensageiro.
Dentro da vacina há uma proteína do coronavírus que estimula o corpo a produzir anticorpos e impedir a infecção. Ela é aplicada em duas doses, com intervalo de 21 dias.
No Brasil, o Ministério da Saúde optou por usar com intervalo de três meses, o mesmo usado em outros países como o Reino Unido.
Fiocruz/AstraZeneca, Janssen e Sputnik V
Essas vacinas são desenvolvidas com uma tecnologia muito conhecida, principalmente na produção de imunizantes contra a gripe. Os cientistas usam um adenovírus, que é inofensivo aos seres humanos, e o modificam geneticamente para que ele contenha uma forma muito parecida com a do coronavírus e que não cause a doença. Isso ajuda o sistema imunológico a desenvolver anticorpos contra a covid-19, capazes de neutralizar a infecção.
Fiocruz/AstraZeneca e Suptnik V são aplicadas em duas doses. A da Janssen é em dose única.
Instituto Butantan/Sinovac e Covaxin
A tecnologia da vacina Coronavac e da indiana Covaxin utiliza o vírus inativado, ou seja, em uma forma que ele seja incapaz de deixar uma pessoa doente. Como o contato é feito com um vírus “morto”, a vacina consegue mandar uma mensagem ao nosso organismo para criar defesas e estar preparado quando ele entrar em contato com o coronavírus real e ativo.
Ambas as vacinas (Instituto Butantan/Sinovac e Covaxin) são aplicadas em duas doses.
Eficácia das vacinas contra a covid-19
Nenhuma vacina tem eficácia de 100%, ou seja, capaz de impedir totalmente o contato com o coronavírus. Apesar disso, elas impedem que a maior parte das pessoas tenha a forma mais grave da covid-19 e, assim, nem precisem de atendimento médico. Um artigo da revista científicaLancet mostra como funciona o cálculo para estabelecer a eficácia das principais vacinas em uso no mundo.
O imunizante da Pfizer tem eficácia global de 95%. A vacina desenvolvida pela AstraZeneca, em parceria com a Fiocruz, tem capacidade de proteção de 79%. A Coronavac, do laboratório chinês Sinovac e do Instituto Butantan, tem eficácia global de 50,38%. O imunizante de dose única da Janssen tem eficácia de 66%. A russa Sputnik V tem uma taxa de proteção de 91,6%. Já a indiana Covaxin tem eficácia de 78%.
Veja um resumo da eficácia das vacinações contra a covid-19 na tabela abaixo:
Pfizer | 95% |
Sputnik V | 91,6% |
AstraZeneca | 79% |
Covaxin | 78% |
Janssen | 66% |
Coronavac | 50,38% |
Efeitos colaterais (não precisa ter medo)
Toda e qualquer vacina pode gerar algum efeito colateral e não há necessidade de se preocupar, apontam médicos e cientistas. Os mais comuns são dor de cabeça, dor no local da aplicação, febre e fadiga.
As vacinas que usam a tecnologia de adenovírus geralmente causam uma reação maior do organismo porque ela “simula” como se o corpo estivesse sendo infectado pelo coronavírus. Mas os sintomas passam em até 48 horas.
A recomendação dos médicos é para que, caso os sintomas sejam muito fortes, use medicamentos para controlar a febre e as dores. O uso de anti-inflamatório é desaconselhado porque pode atrapalhar a resposta do corpo ao processo inflamatório natural na criação de anticorpos contra o coronavírus.
Calendário de vacinação contra a covid-19
De acordo com o Ministério da Saúde, a imunização de todos os brasileiros, com as duas doses, será concluída até o dia 31 de dezembro.
Há a contratação de um total de 662 milhões de doses de vacina, com cronograma de entregar até o fim de 2021, ou seja, um excedente de 118 milhões — levando em conta a vacinação de toda a população.
Os maiores volumes foram comprados da Fiocruz/AstraZeneca (210 milhões), da Pfizer/BioNTech (200 milhões), e do Instituto Butantan/Sinovac (130 milhões).
Apesar de o calendário só ser concluído no fim do ano, muitos governos locais anunciaram a antecipação da vacinação. A conta é feita porque em muitos casos há uma diferença entre a projeção e as pessoas que efetivamente moram naquela cidade ou estado, e assim sobram mais vacinas.
Vacinação em São Paulo (atualizado em 20 de agosto)
O governo de São Paulo antecipou o calendário de vacinação em todo o estado. A meta é imunizar com pelo menos a primeira dose todos adolescentes entre 17 e 12 anos até o dia 12 de setembro.
Na cidade de São Paulo, a prefeitura divulga o calendário semanalmente. Nesta etapa da campanha, foram divulgadas somente as primeiras datas.
- A partir de quarta-feira (18): adolescentes com 16 e 17 anos com deficiência, comorbidades, gestantes e puérperas
- A partir de segunda-feira (23): adolescentes com 12 a 15 anos com deficiência, comorbidades, gestantes e puérperas
Vacinação no Rio de Janeiro (atualizado em 20 de agosto)
No estado do Rio de Janeiro a imunização de primeira dose está prevista para ir até outubro. Na capital fluminense, houve a antecipação do início de aplicação. O cronograma prevê a vacinação de uma faixa etária por dia, separada por gênero. Jovens abaixo de 17 anos serão imunizados no fim de agosto.
Vacinação em Minas Gerais (atualizado em 20 de agosto)
Em Minas Gerais, a vacinação contra a covid-19 tem a previsão de aplicar pelo menos a primeira dose em todos os adultos ainda no mês de setembro. As prefeituras têm autonomia para fazer algumas mudanças no calendário, mas a recomendação é que sigam o Plano Nacional de Imunizações, do Ministério da Saúde.
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