USP: depois da fase de comprovação final da pesquisa, o teste popular de covid-19 será enviado para a aprovação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Jasmin Merdan/Getty Images)
Estadão Conteúdo
Publicado em 22 de janeiro de 2021 às 15h56.
Última atualização em 22 de janeiro de 2021 às 17h06.
Uma gotinha de sangue, combinada com um reagente, pode indicar se a pessoa teve contato com o temido vírus SARS-CoV-2, que causa a covid-19. Com base neste princípio, um grupo de pesquisa da USP desenvolveu um dispositivo para detectar a presença de anticorpos do novo coronavírus no organismo que reduziria o custo do exame pelo Sistema Único de Saúde (SUS).
O "Teste Popular de Covid-19" está em fase de testes de validação clínica em São Paulo depois de ter sido desenvolvido por cientistas do Instituto de Química de São Carlos (IQSC), da USP, coordenados pelo professor Frank Crespilho, do Grupo de Bioeletroquímica e Interfaces, do IQSC, e pela doutoranda Karla Castro. Os cientistas trabalham em parceria com a BioLinker, uma empresa ligada à USP, com financiamento da Fapesp.
O cientista de São Carlos explicou que o projeto permitirá redução de custos em cinco vezes em relação ao que existe hoje nas farmácias, que comercializam esse tipo de teste por cerca de 140 reais. O preço previsto do dispositivo popular do IQSC é de cerca de 30 reais, segundo o professor.
Diabético, o pesquisador contou ao Estadão que conhece bem a necessidade de controle de glicose pelo sistema da gotinha de sangue com furo no dedo, prática comum entre as pessoas que convivem com o problema. Crespilho explicou que a ideia de pesquisar uma alternativa de detecção do novo coronavírus surgiu durante a pandemia diante da possibilidade de a ciência produzir um mecanismo para ser usado em massa na população.
Depois da fase de comprovação final da pesquisa, o teste popular de covid-19 será enviado para a aprovação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).
Segundo Mona Oliveira, chefe científica da BioLinker, startup que nasceu no Cietec-Ipen, a incubadora de empresas de base tecnológica da USP e parceira do IQSC no projeto, as fitinhas do teste são semelhantes àquelas usadas nos exames comuns de glicose. Contêm nanopartículas conjugadas com proteínas recombinantes do vírus e funcionam como biossensores para apontar se a pessoa tem anticorpos para combater o coronavírus.
Mona é doutora em bioquímica pela USP e em nanotecnologia por instituição da Eslovênia. "Com o teste, será possível detectar anticorpos também depois de a pessoa ser vacinada", explicou a especialista da BioLinker, que fornece outros insumos biotecnológicos para hospitais, indústria farmacêutica, indústria de alimentação e universidades.