Tratamento para diabetes tipo 2 pode pôr fim ao uso de insulina
Pesquisadores dizem que solução seria estímulo ao crescimento de uma membrana da mucosa intestinal
Ariane Alves
Publicado em 30 de outubro de 2018 às 05h55.
Última atualização em 30 de outubro de 2018 às 05h55.
São Paulo - Cientistas holandeses podem ter descoberto um novo tratamento para a diabetes tipo 2 que dispensaria as injeções de insulina. O método consiste em causar a destruição da membrana mucosa do intestino para estimular o organismo a produzir uma nova, pois o processo seria capaz de estabilizar os níveis de açúcar no sangue de pessoas diabéticas.
Para realizar os testes, a equipe do Centro Médico Universitário de Amsterdã, na Holanda, realizou o procedimento em 50 pacientes. Um tubo com um pequeno balão em sua extremidade era inserido pela da boca do paciente até o intestino delgado. O balão era inflado com água quente e a membrana mucosa era queimada pelo calor. Dentro de duas semanas, uma nova membrana já estava desenvolvida no organismo, levando a uma melhoria na saúde do paciente. Os médicos notaram outras melhorias, como a diminuição dos riscos cardiovasculares, cegueira, insuficiência renal e dormência nos membros.
Cientistas querem aprimorar os resultados
Ainda que iniciais, os resultados já são considerados muito animadores para a equipe. Após um ano de tratamento, 90% dos pacientes apresentavam estabilidade na doença. Assim, os médicos acreditam que exista uma ligação entre a absorção de nutrientes pela membrana mucosa do intestino delgado e o desenvolvimento de resistência à insulina entre pessoas com diabetes tipo 2.
Jacques Bergman, professor de gastroenterologia e coordenador do estudo, adiantou os próximos passos em entrevista à emissora holandesa Nederlandse Omroep Stichting. “A questão agora é se isso é um tratamento permanente, ou se é algo que você tem que repetir, o que em teoria deveria ser possível. Analisamos se poderíamos interromper a insulina, o que ainda está em andamento, mas os primeiros resultados são realmente espetaculares, com a maior parte dos pacientes não mais usando insulina após esse tratamento”, diz. Pessoas com diabetes tipo 2 com idades entre 28 e 75 anos são recrutadas agora para um estudo maior com 100 pacientes.