Ciência

Teste rápido consegue prever quadros graves da covid-19 em estudo

Pesquisa realizada por universidade americana pretende facilitar tratamento de pacientes graves do novo coronavírus

Agentes de saúde municipais se preparam para examinar o corpo de Lacy Braga de Oliveira, que morreu em casa aos 84 anos, em meio ao surto de doença coronavírus (COVID-19) em Manaus, Brasil, em 11 de janeiro de 2021. Foto tirada em 11 de janeiro de 2021 .  (Bruno Kelly/Reuters)

Agentes de saúde municipais se preparam para examinar o corpo de Lacy Braga de Oliveira, que morreu em casa aos 84 anos, em meio ao surto de doença coronavírus (COVID-19) em Manaus, Brasil, em 11 de janeiro de 2021. Foto tirada em 11 de janeiro de 2021 . (Bruno Kelly/Reuters)

Tamires Vitorio

Tamires Vitorio

Publicado em 18 de janeiro de 2021 às 12h39.

Última atualização em 18 de janeiro de 2021 às 15h11.

Um estudo feito pela Washington University School of Medicine in St Louis (WUSTL) aponta que é possível prever quadros graves do novo coronavírus com o uso de testes de sangue rápidos. Segundo os pesquisadores, a testagem "relativamente rápida e simples" pode prever a severidade da doença em pacientes apenas um dia após a internação.

Para chegar a essa conclusão, foram analisados 97 pacientes recém admitidos em hospitais. O teste consegue medir os níveis de DNA mitocondrial – que, ao cair na corrente sanguínea, se torna um sinal de que uma célula particularmente violenta está tomando o organismo.

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Foi observado que a quantidade do DNA era mais alta em pacientes que eventualmente foram admitidos em Unidades de Terapia Intensiva (UTIs), que foram entubados ou morreram. A associação, segundo os pesquisadores, não depende de idade, gênero ou comorbidades prévias.

Em média, de acordo com os cientistas, o nível de DNA mitocondrial era cerca de dez vezes mais alto em pacientes com covid-19 que desenvolveram problemas pulmonares ou que faleceram. Aqueles que tinham os níveis mais elevados corriam seis vezes mais risco de intubação, três vezes mais rico de ser admitido na UTI e corriam quase duas vezes mais risco de morte do que aqueles com níveis mais baixos.

O teste administrado pelos cientistas previu resultados causados pelo vírus tão bem ou melhor do que outros marcadores de inflamações atualmente usados em pacientes hospitalizados – a pesquisa observou que a maioria deles foca na inflamação sistémica, e não na inflamação específica para a morte celular.

Para eles, o teste pode servir como uma forma de "prever a severidade da doença, bem como ser uma ferramenta para desenhar testes clínicos mais eficazes" ao identificar pacientes que podem se beneficiar com certos tratamentos. "Os médicos precisam de ferramentas melhores para avaliar o status da covid-19 em pacientes o mais cedo possível porque muitos tratamentos – como os anticorpos monoclonais – têm estoques reduzidos, e sabemos que alguns pacientes ficarão bem sem terapia intensiva", afirmou Andrew E. Gelman, imunologista e um dos autores do estudo.

 

Segundo Gelman, os vírus causam um tipo de problema no tecido chamado de necrose, "uma resposta inflamatória violenta à infecção". "Com isso, a célula se abre, liberando todo o seu conteúdo, incluindo o DNA mitocondrial, o que causa inflamação. Em pacientes com coronavírus, existe uma evidência desse tipo de dano ao tecido no pulmão, coração e rins", afirmou Gelman.

O teste, para os pesquisadores, também pode ser usado para monitorar a eficácia de novas terapias – acredita-se que tratamentos eficazes conseguirão reduzir os níveis de DNA mitocondrial. "Vamos precisar de testes maiores para verificar o que encontramos nesse estudo, mas se conseguirmos determinar nas primeiras 24 horas de admissão se um paciente corre mais risco de precisar de diálise ou de intubação ou de medicação para evitar que a pressão sanguínea abaixe, isso pode mudar a triagem do paciente, e pode mudar a forma como os gerenciamos muito mais cedo", disse Hrishikesh S. Kulkarni, autor do estudo.

Antes de entrar com um pedido de aprovação pelo Food and Drug Administration (FDA, na sigla em inglês), órgão análogo à Anvisa, os cientistas precisarão conduzir novos estudos para averiguar a eficácia do teste rápido. O ditado popular nunca foi tão certeiro: é melhor prevenir do que remediar.

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