Teste com tratamento promissor contra a covid-19 é interrompido nos EUA
Farmacêutica americana Eli Lilly interrompeu os testes com anticorpos retirados do plasma de pacientes já recuperados da doença
Rodrigo Loureiro
Publicado em 13 de outubro de 2020 às 16h59.
Última atualização em 13 de outubro de 2020 às 17h12.
A farmacêutica americana Eli Lilly interrompeu os testes de um tratamento desenvolvido para auxiliar pacientes infectados com covid-19. A interrupção aconteceu nesta terça-feira, 13, após uma recomendação do Grupo de Monitoramento de Segurança de Dados (DSMB, na sigla em inglês), que faz parte do Instituto Nacional de Saúde dos Estados Unidos. A empresa informou que isso se deve a uma “preocupação de segurança”.
“Por precaução, o conselho independente de monitoramento de segurança de dados Activ-3 recomendou uma pausa na inscrição”, disse a porta-voz da Eli Lilly, Molly McCully, em um comunicado por e-mail, conforme reportado pela Reuters . “A Eli Lilly apoia a decisão independente de garantir cautelosamente a segurança dos pacientes que participam deste estudo.”
A Eli Lilly estava atuando no desenvolvimento de um medicamento que é baseado em anticorpos monoclonais e que é semelhante ao tratamento da Regeneron Pharmaceuticals, adotado para tratar o presidente Donald Trump, que contraiu o novo coronavírus no início deste mês. O mandatário já está recuperado da doença.
Em termos bastante simplificados, trata-se de um tratamento com base nos anticorpos retirados do plasma sanguíneo de um paciente infectado com o novo coronavírus, mas já curado da doença. O plasma é a parte líquida do sangue que contém a defesa imunológica. A ideia é separar os anticorpos que já combateram o vírus para multiplicá-los em laboratório.
O estudo estava sendo patrocinado pelo governo americano, que já havia inclusive recebido, via órgãos reguladores, pedidos da farmacêutica para a autorização do uso da terapia no uso de emergência. O pedido foi feito após a publicação de dados obtidos em setembro e que mostram que o tratamento ajudou a reduzir a taxa de hospitalização de pacientes com covid-19.
O mercado não reagiu bem à notícia. Nesta terça-feira, até a publicação desta reportagem, as ações da companhia listadas na Bolsa de Valores de Nova York já recuavam 3% no pregão. A empresa está avaliada em 143,3 bilhões de dólares.