Ciência

Ter um filho pode te envelhecer até 11 anos

Uma pesquisa afirma que ter um filho envelhece quase três vezes mais do que fumar

Bebê: o estudo analisou o sangue de mais de 1.900 mulheres americanas (Rayes/Thinkstock)

Bebê: o estudo analisou o sangue de mais de 1.900 mulheres americanas (Rayes/Thinkstock)

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Da Redação

Publicado em 23 de fevereiro de 2018 às 21h10.

Última atualização em 23 de fevereiro de 2018 às 21h13.

Para as mães, ter filho é um parto. Além do ato de dar à luz em si, o corpo feminino passa por dezenas de mudanças: alterações de peso, novas taxas hormonais, só pra citar alguns fatores. Agora, uma pesquisa americana está mostrando que os efeitos da gravidez no corpo de uma mulher são ainda mais intensos: ter um filho, envelhece seu corpo em 11 anos.

Para chegar a essa conclusão, o estudo analisou o sangue de mais de 1.900 mulheres americanas, e olhou com bastante atenção para o DNA das voluntárias. Acontece que nosso genoma muda conforme envelhecemos: nossos cromossomos são protegidos por estruturas chamadas telômeros, filamentos microscópicos de proteína que funcionam como uma capa que preserva nosso material genético –  o ponto é que, com o tempo, os telômeros se desgastam e, como uma borracha escolar, diminuem de tamanho. Na prática, eles são um indicativo de envelhecimento. Telômero grande = jovem; telômero pequeno = velho.

O fato é que quando compararam o tamanho dos telômeros de mães, com o de mulheres sem filhos, a diferença era gritante. As mamães tinham, em média, 116 bases pares (unidade do telômero) a menos. Como, naturalmente, a estrutura tende a perder 9 ou 10 bases pares anualmente, uma gravidez equivalia a um processo que normalmente só ocorreria em um período de 11 anos.

Para ter uma base de comparação, de acordo com o mesmo estudo, fumar causava um desgaste de “apenas” quatro anos – mesmo a obesidade encurtava os telômeros em, no máximo, oito anos.

“Nós ficamos surpresos em encontrar um resultado tão impressionante”, afirmou à New Scientist Anna Pollack, bióloga da George Mason University e responsável pela pesquisa. Ela, porém, não conseguiu entender porque isso acontece. A hipótese mais provável é que o stress causado pela gravidez e criação da criança ataque diretamente a proteção do DNA, porém, como não houve uma medição dos telômeros antes, durante e após a gravidez fica difícil cravar qualquer tipo de diagnóstico definitivo.

Até por não saber a causa do envelhecimento genético, a pesquisadora faz um alerta “Nós não estamos dizendo para as pessoas pararem de ter filhos”. De qualquer forma, fica o aviso: telômeros curtos são associados à uma maior probabilidade de desenvolver doenças crônicas, e até mesmo, à uma taxa de mortalidade mais elevada.

Matéria originalmente publicada na Superinteressante.

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