Ciência

Rússia inicia vacinação em massa contra covid-19 mesmo sem concluir testes

A Sputnik, como muitas outras experimentais contra o vírus, também é administrada em duas doses; moradores de Moscou poderão agendar dia para tomar vacina

Sputnik V: vacina começará a ser usada na população (Tatyana Makeyeva/Reuters)

Sputnik V: vacina começará a ser usada na população (Tatyana Makeyeva/Reuters)

Tamires Vitorio

Tamires Vitorio

Publicado em 4 de dezembro de 2020 às 13h06.

Última atualização em 4 de dezembro de 2020 às 13h25.

A Rússia lançou nesta sexta-feira, 4, um site para que os moradores agendem um horário para tomar a vacina do Instituto Gamaleya contra o novo coronavírus, a Sputnik V. O lançamento do sistema acontece dois dias após o presidente russo, Vladimir Putin, pedir para que toda a população fosse vacinada contra a covid-19, apesar de a imunização não ter passado, ainda, por todas as fases de testes clínicos.

A Sputnik, como muitas das outras vacinas experimentais contra o vírus, também é administrada em duas doses e, segundo o Instituto, apresentou uma eficácia de 92%.

Quer entender a evolução da pandemia e o cenário de reabertura no país? Acesse a EXAME Research

O agendamento estará disponível, inicialmente, para assistentes sociais, médicos e professores com idades entre 18 e 60 anos. Será possível agendar o dia e a hora para receber a imunização a partir deste sábado, 5. O site da prefeitura de Moscou afirma que "para o resto dos moradores de Moscou, a vacinação gratuita se tornará disponível mais tarde".

Segundo a agência de notícias Reuters, foram relatados 27.403 novos casos de covid-19 nesta sexta, menos do que a alta recorde observada na quinta-feira.

Mais de 200 mil moradores de Moscou já receberam uma dose da Sptunik V, sendo que 273 foram infectados pelo SARS-CoV-2, segundo a vice-prefeita da capital russa, Anastasia Rakova.

O uso doméstico da vacina russa já foi permitido em agosto, e o país foi o primeiro (e único) a registrar uma proteção do vírus no mundo.

*Com informações da Reuters

Como estamos?

Das 51 em fases de testes, apenas 13 estão na fase 3, a última antes de uma possível aprovação. Confira quais são abaixo:

Quem terá prioridade para tomar a vacina?

Um grupo de especialistas nos Estados Unidos, por exemplo, divulgou em setembro uma lista de recomendações que podem dar uma luz a como deve acontecer a campanha de vacinação.

Segundo o relatório dos especialistas americanos (ainda em rascunho), na primeira fase deverão ser vacinados profissionais de alto risco na área da saúde, socorristas, depois pessoas de todas as idades com problemas prévios de saúde e condições que as coloquem em alto risco e idosos que morem em locais lotados.

Na segunda fase, a vacinação deve ocorrer em trabalhadores essenciais com alto risco de exposição à doença, professores e demais profissionais da área de educação, pessoas com doenças prévias de risco médio, adultos mais velhos não inclusos na primeira fase, pessoas em situação de rua que passam as noites em abrigos, indivíduos em prisões e profissionais que atuam nas áreas.

A terceira fase deve ter como foco jovens, crianças e trabalhadores essenciais que não foram incluídos nas duas primeiras. É somente na quarta e última fase que toda a população será vacinada.

Quão eficaz uma vacina precisa ser?

Segundo uma pesquisa publicada no jornal científico American Journal of Preventive Medicine uma vacina precisa ter 80% de eficácia para colocar um ponto final à pandemia. Para evitar que outras aconteçam, a prevenção precisa ser 70% eficaz.

Uma vacina com uma taxa de eficácia menor, de 60% a 80% pode, inclusive, reduzir a necessidade por outras medidas para evitar a transmissão do vírus, como o distanciamento social. Mas não é tão simples assim.

Isso porque a eficácia de uma vacina é diretamente proporcional à quantidade de pessoas que a tomam, ou seja, se 75% da população for vacinada, a proteção precisa ser 70% capaz de prevenir uma infecção para evitar futuras pandemias e 80% eficaz para acabar com o surto de uma doença.

As perspectivas mudam se apenas 60% das pessoas receberem a vacinação, e a eficácia precisa ser de 100% para conseguir acabar com uma pandemia que já estiver acontecendo — como a da covid-19.

Isso indica que a vida pode não voltar ao “normal” assim que, finalmente, uma vacina passar por todas as fases de testes clínicos e for aprovada e pode demorar até que 75% da população mundial esteja vacinada.

Acompanhe tudo sobre:CoronavírusRússiavacina contra coronavírusVacinas

Mais de Ciência

Álcool: quanto você pode beber e ainda assim ficar saudável?

Caverna na Lua poderia abrigar humanos; entenda

Crise climática pode impactar vida sexual dos insetos, diz estudo

Quais as suplementos devemos evitar nos treinos?

Mais na Exame