Remédios como Omeprazol dobram risco de câncer, diz estudo
Estudo conduzido no Reino Unido vê relação entre consumo de remédios como Omeprazol, Pantoprazol e Iansoprazol e o desenvolvimento de câncer de estômago
Victor Caputo
Publicado em 3 de novembro de 2017 às 12h14.
Última atualização em 3 de novembro de 2017 às 12h34.
São Paulo – O uso de medicamentos como Omeprazol, Pantoprazol e Iansoprazol aumenta o risco de câncer no estômago. A informação foi obtida por meio de um estudo, que foi publicado na revista científica Gut .
Esse tipo de medicamento é chamado de inibidor de bomba de próton (IBP) e diminui a produção de ácido por parte do estômago. Por conta disso, os IBPs são usados no tratamento de refluxo, gastrite, entre outras condições.
Conduzida pela Universidade de Hong Kong e pela Universidade College London, a pesquisa encontrou que o uso desses medicamentos pode aumentar em 2,4 vezes as chances de câncer de estômago.
O estudo é importante pois encontrou provável associação entre o uso contínuo do medicamente e o desenvolvimento do câncer de estômago mesmo após a retirada de uma bactéria que era considerada gatilho para o desenvolvimento da doença. Mesmo após a remoção da Helicobacter pylori as chances de câncer aumentaram conforme pacientes consumiam medicamentos do tipo IBP.
A pesquisa foi conduzida com mais de 63 mil adultos no Reino Unido. Para comparação, os pesquisadores dividiram o grupo em dois. Um dos grupos tomaria medicamentos do tipo IBP. O segundo seria medicado com bloqueadores H2, que também limitam a produção de ácido estomacal.
Os pesquisadores encontraram que mesmo após a retirada da H pylori por meio de antibióticos, as chances de desenvolvimento de câncer aumentaram à medida que o grupo tomava IBPs.
Os números mostram que existe uma provável relação entre a recorrência na ingestão do remédio e as chances de câncer. Membros do grupo que ingeriu IBPs diariamente tiveram 5,44 vezes mais chances de câncer do que aqueles que tomavam o remédio apenas uma vez por semana. Após três anos ou mais de uso contínuo, o risco crescia até oito vezes.
Os números podem parecer alarmantes, mas o líder do estudo vê tons mais cinzentos nessa discussão.
Em conversa com o jornal The New York Times , Wai Keung Leung, da Universidade de Hong Kong e líder do estudo, afirmou que o risco de desenvolvimento de câncer é baixo. “Algumas pessoas têm um grande benefício com o uso desses medicamentos e não quero desencorajá-las”, diz.