Katie Bouman: aos 29 anos, ela liderou uma equipe de 200 cientistas (MIT/Divulgação)
Tamires Vitorio
Publicado em 11 de abril de 2019 às 14h06.
Última atualização em 11 de abril de 2019 às 14h18.
São Paulo — Em 1919, Albert Einstein previu a aparência de um buraco negro pela primeira vez. Cem anos depois, em uma quarta-feira aparentemente normal de abril, a equação de Einstein foi confirmada por Katherine (ou Katie) Bouman, a cientista por trás dos algoritmos responsáveis pela primeira imagem de um buraco negro.
A primeira imagem é uma simulação de computador que utiliza equação de Einstein para mostrar como seria um buraco negro. A teoria foi formulada por Einstein em 1919.
A segunda é a primeira foto já feita de um buraco negro, relevada hoje, 100 anos depois de Einstein.
Lágrimas. pic.twitter.com/BbDkFuvxss
— Jurunense (@o_jurunense) April 10, 2019
Aos 29 anos, Katie é doutora em engenharia elétrica e ciência da computação pelo MIT (Massachusetts Institute of Technology) e está cursando um pós-doutorado em Harvard-Smithsonian Center for Astrophysics.
Ela trabalhou no código por quase seis anos, desde a época em que era aluna da graduação no MIT, e agora colhe os frutos de seus estudos. Toda a pesquisa foi feita em conjunto ao projeto Telescópio de Horizonte de Eventos (EHT, em inglês) e a cientista liderou outros 200 cientistas na empreitada para chegar na imagem perfeita do buraco negro.
Para comemorar o feito, Katie alterou a foto de seu perfil no Facebook. "Observando sem acreditar enquanto a primeira imagem que eu já fiz de um buraco negro estava no processo de ser reconstruída", escreveu ela na legenda.
Segundo o site MIT News, apenas um telescópio não seria grande o suficiente para enxergar um buraco negro. Para isso, então, o algoritmo desenvolvido pela cientista armazenou dados de oito radiotelescópios nos quatro cantos do mundo. O escaneamento do buraco negro, que mede 40 bilhões de quilômetros, ou três milhões de vezes o tamanho da Terra, demorou 10 dias.
Para armazenar tantos dados, foram necessários 5 petabytes. De acordo com a revista Superinteressante, apenas 1,5 petabyte equivale a 10 bilhões de fotos do Facebook. Com os 5 petabytes de informação utilizados para abrigar os dados que compuseram a foto do buraco negro, seria possível armazenar os efeitos especiais do filme Avatar (2009) por cinco vezes, de James Cameron.
Para guardar tantas informações assim, uma pilha de HDs externos foi necessária, todas com gás hélio em seu interior para evitar danos aos discos e a perda de dados. Depois disso, eles foram transportados de avião até chegarem aos supercomputadores no Instituto Max Planck de Radioastronomia, na Alemanha, e no Observatório Haystack, do MIT, nos Estados Unidos.
Veja o vídeo de como a foto foi feita:
Você está vendo agora como foi capturado a primeira imagem de um Buraco Negro. Vídeo: European Commission. pic.twitter.com/FympqYIDlo
— Astronomiaum (@Astronomiaum) April 11, 2019
A foto nasceu da união de todos os dados. "Nós borramos duas imagens e então as sobrepusemos para conseguir a foto", explicou ela ao jornal diário norte-americano The Washington Post.
Katie posou para uma foto "abraçando" a pilha de discos rígidos e foi comparada à cientista Margaret Hamilton, responsável pelo código que ajudou a colocar o homem na lua.
Left: MIT computer scientist Katie Bouman w/stacks of hard drives of black hole image data.
Right: MIT computer scientist Margaret Hamilton w/the code she wrote that helped put a man on the moon.
(image credit @floragraham)#EHTblackhole #BlackHoleDay #BlackHole pic.twitter.com/Iv5PIc8IYd
— MIT CSAIL (@MIT_CSAIL) April 10, 2019