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Pouco confiável, teste rápido para coronavírus leva a hábitos de risco

Teste rápido tem mais chances de dar falso negativo por detectar os anticorpos que são aparecem após partir do 7º dia do surgimento dos sintomas da covid-19

Coronavírus: possibilidade de realizar testes rápidos em farmácias pode ser pouco confiável (Andressa Anholete/Getty Images)
EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 29 de abril de 2020 às 09h39.

Última atualização em 29 de abril de 2020 às 13h30.

A possibilidade de realizar testes rápidos para o novo coronavírus em farmácias pode ser pouco confiável para o diagnóstico individual da doença e ainda levar as pessoas a comportamentos de risco. A ferramenta faz mais sentido para estudos epidemiológicos, segundo especialistas ouvidos pelo jornal O Estado de S. Paulo, do que como um "passaporte imunológico".

O teste que será oferecido nas farmácias detecta a presença de anticorpos da doença no sangue. Os anticorpos, no entanto, só são detectáveis a partir do sétimo dia do surgimento dos sintomas da infecção - preferencialmente, dez dias depois.

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Outro problema é que esses testes que foram aprovados têm apresentado uma sensibilidade baixa, de cerca de 60% a 70%, de acordo com Carlos Eduardo Ferreira, presidente da Sociedade Brasileira de Patologia Clínica.

"Pelo menos 30% dos testes ainda podem dar falso negativo. Nos primeiros dias de sintomas, a chance de falso negativo é ainda maior", afirmou Ferreira.

A própria imunidade conferida pela infecção é ainda questionável. A Organização Mundial de Saúde (OMS) disse que, embora seja provável, ela não é uma certeza. " Acho que o uso indiscriminado dos testes sem uma interpretação médica pode gerar ainda mais confusão", diz o virologista Amilcar Tanuri, do Laboratório de Virologia Molecular da UFRJ.

Para a bióloga da USP Natália Pasternak, os testes podem levar a comportamentos de risco. Segundo ela, isso aconteceu em Brasília. "Pessoas que fizeram teste na rua saíram dizendo 'graças a Deus deu negativo'. Mas isso não quer dizer nada."

O médico Ricardo Schnekenberg, doutorando em neurociências clínicas na Universidade de Oxford, lembra que outros países que compraram esses testes se arrependeram. "A Inglaterra comprou 2 milhões de amostras, eles foram testados para validação aqui em Oxford e se viu que são muito ruins, não serão usados. A Espanha está tentando devolver." As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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