Ciência

No Rio, Paes promete Ozempic nas clínicas da família em campanha de reeleição

Se quiser cumprir a promessa, o prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes, que afirma ter perdido 30 kg com o remédio, terá de enfrentar desafios regulatórios e econômicos para viabilizar a distribuição do medicamento

Prefeito do Rio de Janeiro: Eduardo Paes (Ricardo Stuckert / PR/Flickr)

Prefeito do Rio de Janeiro: Eduardo Paes (Ricardo Stuckert / PR/Flickr)

Da Redação
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Redação Exame

Publicado em 1 de outubro de 2024 às 11h02.

Última atualização em 1 de outubro de 2024 às 11h19.

O prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes, afirmou em entrevista ao jornal Extra que pretende disponibilizar o medicamento Ozempic, utilizado para tratamento de diabetes tipo 2 e popularizado para emagrecimento, nas clínicas da família da cidade, caso seja reeleito.

Paes, que declarou ter perdido 30 kg com o uso do remédio, disse: "Tomei muito Ozempic, aquele remedinho que está abaixando o peso de todo mundo. Ele vai ter a patente aberta no ano que vem, vai poder ter o genérico e vou colocar na rede pública toda. Perdi 30 quilos com Ozempic. O Rio vai ser uma cidade que não vai ter mais gordinho, todo mundo vai tomar Ozempic nas clínicas da família".

O plano do prefeito, porém, levanta dúvidas sobre sua viabilidade econômica e legal. Atualmente, o Ozempic custa entre R$ 1.000 e R$ 1.280, representando até 90% do salário mínimo brasileiro.

Além disso, a patente do medicamento no Brasil só expira em 2026, o que impede a produção de genéricos até lá. Um estudo conduzido por pesquisadores da Universidade de Yale, do Hospital King's College de Londres, avaliou que o custo bruto de uma seringa de semaglutida seja de aproximadamente R$ 27,30 por mês — o valor não inclui impostos, distribuição, armazenamento e aplicação do remédio nas clínicas.

Há uma crescente pressão para que a fabricante Novo Nordisk reduza o preço do medicamento, especialmente considerando os preços mais baixos praticados em outros países.

Contudo, a empresa argumenta que os altos preços são necessários para cobrir os custos de pesquisa e desenvolvimento, que chegaram a quase US$ 5 bilhões no ano passado (aproximadamente R$ 27,3 bilhões).

Além da viabilidade econômica, especialistas alertam para os desafios regulatórios da proposta. O uso de Ozempic para fins de emagrecimento, fora de seu escopo aprovado pela Anvisa, que é o tratamento para diabetes, levanta questões éticas e de saúde pública.

A massiva distribuição de um medicamento para perda de peso pode não ser a melhor estratégia, segundo a agência, uma vez que há outras prioridades na saúde pública, como tratamentos para doenças crônicas e emergenciais.

Entendimento do Ministério da Saúde

O Ministério da Saúde já se manifestou em relação ao uso de medicamentos para tratamento da obesidade no Sistema Único de Saúde (SUS), afirmando que os pacientes com essa condição podem ser atendidos conforme orientações do Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas de Sobrepeso e Obesidade em Adultos.

Recentemente, as tentativas de incorporar tratamentos como o Ozempic e semelhantes ao SUS foram negadas pela Conitec, órgão responsável por avaliar novas tecnologias para o sistema público de saúde.

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