Ciência

Nem os bebês no útero materno estão protegidos da poluição do ar

Eles nem chegaram ao mundo mas já lutam pela vida em um Planeta maltratado

Imagem ilustrativa de bebê prematuro. (CC BY 2.0/ CC/Wikimedia Commons)

Imagem ilustrativa de bebê prematuro. (CC BY 2.0/ CC/Wikimedia Commons)

Vanessa Barbosa

Vanessa Barbosa

Publicado em 18 de fevereiro de 2017 às 07h40.

Última atualização em 18 de fevereiro de 2017 às 07h40.

São Paulo - Em todo o mundo, o nascimento prematuro é uma das maiores causas da mortalidade infantil. Aos inúmeros fatores de risco que contribuem para o problema, como a idade da mãe, doenças crônicas, extrema pobreza, tabagismo e uso de álcool durante a gravidez, adicione mais um: a poluição do ar.

Cientistas publicaram nesta semana um grande estudo que relaciona os poluentes atmosféricos com 2,7 milhões de nascimentos prematuros por ano. Os resultados foram publicados na revista Environment International.

O estudo, conduzido por uma equipe do Instituto de Meio Ambiente de Estocolmo (SEI) da Universidade de York, descobriu que, em 2010, 18% de todos os partos prematuros tinham relação com a exposição às partículas finas finas conhecidas como PM 2,5, consideradas as mais perigosas para a saúde.

Essas micropartículas de poeira medem apenas 0,0025 mm e resultam da combustão incompleta de combustíveis fósseis utilizados pelos veículos automotores, usinas a carvão e queima de resíduos agrícolas. Imperceptível a olho nu, elas não encontram barreiras físicas: afetam o pulmão e podem causar asmas, bronquite, alergias e outras graves doenças cardiorrespiratórias.

Pela capacidade de penetrar e se alojar profundamente dentro dos pulmões, as PM2,5 se tornam uma ameaça ainda maior para os pequenos. Quando um bebê nasce prematuro (com menos de 37 semanas de gestação), há um risco aumentado de morte ou incapacidades físicas e neurológicas de longo prazo.

"Este estudo destaca que a poluição do ar pode não apenas prejudica as pessoas que estão respirando o ar diretamente - também pode afetar seriamente um bebê no útero da mãe", diz Chris Malley, principal autor do estudo, em comunicado à imprensa.

"Partos prematuros associados a essa exposição não só contribuem para a mortalidade infantil, mas podem ter efeitos ao longo da vida dos sobreviventes".

A exposição de uma mulher grávida pode variar muito dependendo de onde ela mora - em uma cidade na China ou na Índia, por exemplo, ela pode inalar mais 10 vezes mais poluição do que nas áreas rurais Inglaterra ou na França.

O estudo não quantificou o risco em locais específicos, mas utilizou o nível médio das PM2,5 em cada país e analisou os resultados por região.

Somente a Índia respondeu por cerca de 1 milhão do total dos 2,7 milhões de nascimentos prematuros em 2010 em todo o mundo, e a China respondeu por cerca de outros 500 mil.

Com esses resultados, os pesquisadores reiteram a necessidade de reforçar as medidas de controle e monitoramento da qualidade do ar, a fim de mitigar os efeitos negativos sobre aqueles que ainda nem chegaram ao mundo.

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